A minha última passagem por Zurique ficou marcada por esta refeição no restaurante onde o Filipe Alloin – grande chef e grande benfiquista, logo grande chefe de família – prossegue neste momento o seu trabalho de cozinheiro.
É uma cozinha de base francesa, com grandes influências mediterrânicas e ibéricas (não tivesse o Filipe várias costelas algarvias), onde a qualidade do produto assume uma importância vital. Noto que há uma evolução criativa constante no seu trabalho, bebendo sempre influências dos locais por onde tem passado, sem nunca perder a sua identidade.
Foi uma refeição magnífica, mas qualquer consideração que eu possa fazer ao trabalho do Filipe não é imparcial. Para além de um grande amigo, adoro a sua cozinha, por isso não vale a pena aprofundar muito o assunto.
Após despacharem os tachos, o Filipe e o Alberto, juntaram-se à mesa, onde tivemos uma interessantíssima conversa pela noite dentro. Falou-se de muita coisa, entre as quais a passagem como chefe de partida do peixe na Fortaleza do Guincho, onde conheceu o José Avillez (Tavares) e o João Antunes (Vin Rouge), ambos em início de carreira. Todos sob o comando de Antoine Westermann e Marc Le Ouedec, dois dos chefes que mais o influenciaram até ao momento. O outro foi o seu pai, René Alloin, um chef respeitadíssimo em Marselha. A conversa seguiu pela sua passagem pela Escócia, no Amaryllis de Gordon Ramsay e pelo Laserre de Jean Louis Nomicos, até terminar numa emocionante confissão: “dos sete países europeus onde já trabalhei, nunca encontrei, das ervas ao peixe, produtos de tão boa qualidade como em Portugal”. Às vezes tem de ser alguém de fora a lembrar-nos da nossa riqueza gastronómica. Abraço Filipe!
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