E assim chegamos ao fim da série Rioja. O último episódio ficou guardado para um dos seus produtores mais clássicos e mais conhecidos, que souberam através da Cidade do Vinho, onde se inclui a brilhante criação de Frank Gehry, revolucionar o enoturismo na Rioja e colocar a marca Marqués de Riscal nas bocas do mundo.
Apesar de estarmos a falar de uma das mais importantes referências da região, segundo os próprios a primeira adega da Rioja a produzir vinhos sob o método Bordalês (1858), é o hotel em forma de mini Guggenheim que assume a imagem da marca e domina, a par da Igreja de San Andrés, a paisagem de Elciego.
Quando Camilo Hurtado de Amézaga, Marquês de Riscal, foi incumbido pelo governo espanhol para trazer enólogos franceses que viessem revolucionar o perfil dos vinhos riojanos, isto em meados do século XIX, começou nesse momento a traçar-se o destino dos vinhos da região. Com os enólogos franceses chegaram também novas técnicas de vinificação, sendo o estágio em barrica por longos períodos aquela que mais contribuiu para criar o perfil dos Rioja clássicos. Mas períodos de estágio tão longos implicavam lançar os vinhos mais tarde para o mercado e a maioria dos produtores da região começou a abandonar essa prática, tendo sido Camilo Hurtado um dos únicos a insistir nesse método.
A inovação foi sempre uma bandeira de Riscal, seja na utilização da casta Cabernet Sauvignon, trazida pelo enólogo francês da altura, Jean Pineau, ou na produção de um vinho branco na região da Rueda, com uma adega construída para o efeito, o que foi o início da denominação Rueda como hoje a conhecemos, ou mais recentemente o projecto, para muitos megalómano, da já referida Cidade do Vinho.
Assim se faz a história deste produtor mítico da Rioja. Classicismo e inovação de mão dadas, num ponto de visita obrigatório no mapa mundo do enoturismo.
Marqués de Riscal Rueda Verdejo 2012
Fruta tropical, limpa e autêntica, ananás, delicado e elegante, com fundo mineral. Vivo e encorpado na boca, boa acidez, boa elegância, final fresco e saboroso. Custa 7,50€ na loja do produtor (15,5).
Marqués de Riscal Rioja Reserva Tinto 2007
Lote maioritariamente de Tempranillo (90%), temperado com Graziano e Mazuelo, a partir de cepas com cerca de 50 anos de idade plantadas nos solos calcários da Rioja Alavesa. Antes de chegar ao mercado leva um estágio de dois anos em barrica de carvalho americano e depois mais um ano em garrafa. Muito aromático, com madeira ainda muito presente a pedir mais tempo em garrafa, fruta madura, compotas. Curiosamente a boca mostra um estilo mais contido, mais clássico, de corpo médio, com boa textura, taninos finos, muito harmonioso, com suaves amargos e especiarias para um final fino e persistente. 16€ na loja do produtor (16,5).