Com a aquisição da Quinta do Ameal o ano passado, o Esporão tem agora a possibilidade de produzir vinhos de grande qualidade na região dos Vinhos Verdes. Aos poucos a imagem dos vinhos vem sendo renovada, primeiro com o Ameal Loureiro 2019 e com o Ameal Solo Único 2019, sendo agora a vez de recuperar a marca Bico Amarelo para o mercado nacional (se não estou em erro era uma marca que estava direccionada para a exportação).
Nunca tinha bebido o antigo Bico Amarelo da Quinta do Ameal e por esse motivo não consigo dizer se o perfil se mantém ou se houve algum ajuste. Por curiosidade, registo que este é o primeiro vinho que bebo do malfadado ano de 2020 e é também a minha estreia nos Quinta do Ameal da era Esporão. Tenho andado ainda pelas colheitas mais antigas, que estão uma maravilha, diga-se de passagem.
O Bico Amarelo 2020 é um lote de Loureiro, Alvarinho e Avesso, num perfil leve, vivo e muito fresco, que caracterizam os bons brancos (sem gás!) da região. Gostei francamente do estilo, com uma acidez limonada e vibrante a trazer muita frescura a um conjunto expressivo, elegante e com boa presença de boca. Ao bebê-lo é impossível não sermos transportados para os dias quentes e para os petiscos de mar. Vai ter a responsabilidade de concorrer com dois pesos pesados da região, o Allo Soalheiro e o Muros Antigos Escolha, mas que por esta primeira impressão mostra estar perfeitamente à altura.
Esta garrafa foi-me enviada pelo produtor, a quem agradeço, mas o vinho pode encontrar-se na grande distribuição e garrafeiras a um preço de venda recomendado de €4,99. A enologia está a cargo de José Luís Moreira da Silva.