Foi desta forma que tive conhecimento do inovador (e corajoso) projecto da Alexandra Maciel de nome Harmonias Comprovadas.
Desde aí tenho acompanhado com expectativa as várias etapas do mesmo, tanto no Magna Casta, como no Gastrosexual, duas das minhas maiores referências no que a estas coisas do food and beverage dizem respeito.
O projecto propõe-se reunir em livro cerca de 50 harmonizações de vinhos e pratos tradicionais nacionais. Para o efeito serão realizadas várias provas de harmonização, que serão julgadas por um painel diversificado composto por entre profissionais da área (entre jornalistas, escanções, cozinheiros, produtores, etc…), amadores ligados ao tema (bloggers, pessoas com projectos ligados ao vinho e à gastronomia, etc…), ou simplesmente gastrónomos e entusiastas destas coisas.
O objectivo, segundo a organização, é obter “um resultado bastante próximo da opinião do consumidor esclarecido, de acordo com os resultados de um estudo de Paulo Ramos intitulado As Diferenças na Percepção dos Atributos do Vinho, que conclui que os consumidores possuem uma percepção mais clara e distinta dos atributos do vinho do que os intermediários e produtores”.
Foi neste contexto que fui amavelmente convidado para fazer parte do júri das provas 11 e 12 destas #Harmonias que decorreram no restaurante Bica do Sapato em Lisboa. No primeiro dia o desafio era escolher o espumante nacional que melhor harmonizava com Ostras do Sado e no segundo a prova consistia em encontrar o namoro ideal entre vinhos tranquilos nacionais e recheio de sapateira.
De referir que a prova é cega, com os Schott Zwiesel Sensus Black a fazerem o seu papel de forma tão eficiente que até irritam (eu bem olhei lá para dentro :).
Na prova nº 11 os três vinhos que melhor namoraram com as ostras foram:
1º Ninfa Espumante 2007 (foi a minha 2ª escolha).
2º Casa Anadia 2006 (foi a minha 3ª escolha).
3º Conde de Vimioso Extra Bruto 2007.
Por curiosidade, o meu favorito foi o Rebouça Espumante Alvarinho 2007, um vinho com uma acidez muito elegante, com notas de evolução, que para o meu gosto harmonizava bem com os sabores iodados das ostras. Parece que só me convenceu a mim.
Na prova nº 12 os melhores amigos do recheio de sapateira foram:
1º Domingos Soares Franco Verdelho 2010 (foi a minha 3ª escolha)
3º Monte dos Cabaços Branco 2010
Nesta prova, o recheio de sapateira, que estava delicioso, era servido quente, com um leve travo picante que acabou por criar algumas dificuldades ao painel de provadores, a avaliar pelos comentários pelo menos na zona onde me encontrava.
Para que conste, o meu eleito, fiquei no final a saber que foi o Tons de Duorum Branco 2010. Um vinho que no nariz até achei que tinha algumas parecenças com o vencedor (muito aromático, fruta tropical, toque floral), mas na boca tinha um travo mineral que encaixava bem com aquele sabor da sapateira. Opinião subjectiva, como devem imaginar.
A experiência foi muito gratificante e engraçada, no meu caso educativa mesmo.
É sempre curioso ir apanhando aqui e ali as “bocas” que vão escapando. Como por exemplo quando aparece um tinto frio no meio de um painel de brancos. É Touriga, batia eu de um lado… Nah, com este aroma é Cabernet… rebatiam do outro lado. Era tinto de facto, mas um blend de Baga, Tinta Roriz e Touriga Nacional. O patife era o São Domingos Colheita Tinto 2007.
Uma palavra para as excelentes condições de prova proporcionadas pelo Bica do Sapato. Amesendação correcta para o efeito, copos e temperaturas dos vinhos irrepreensíveis.
Para valorizar ainda mais a experiência, conheci pessoalmente muita gente por detrás do avatar, o que é sempre muito interessante e agradável.
Perante tudo isto, só me resta desejar a melhor das sortes à Alexandra Maciel para o seu projecto, que a avaliar pelo ruído que tem gerado vai ser um sucesso. Merecido.
Belo Post Jorge! Parabéns.
Obrigado Hugo, um abraço!
Gostei do Post e já enviei mail para a Alexandra 🙂