Há acasos engraçados e um deles aconteceu-me recentemente quando fui visitar um amigo a Genéve. Em tempos pesquisava por determinado vinho na internet e fui ter a uma garrafeira francesa de nome Vinothèque du Leman. Troquei uns emails com a dita sobre a possibilidade de enviarem um vinho para Portugal, mas depois acabou por não se concretizar a compra. No entanto, com o registo do meu email na sua base de dados, passei a receber periodicamente as suas newsletters. Tudo normal.
O engraçado da história acontece quando, já em Genéve, recebo uma das referidas newsletters e, talvez por sugestão do lugar onde estava, chamou-me a atenção o nome Léman. É que o Lago Léman, o maior da Europa Ocidental, que é cortado a meio pela fronteira da França com a Suiça, é o grande lago que banha a cidade de Genéve (também conhecido por Lac de Genéve) e por conseguinte fez-se luz nesta cabecinha se haveria alguma relação nos nomes. Qual o meu espanto quando constato que uma das lojas da Vinothèque du Léman fica localizada numa pequena cidade transfronteiriça francesa de nome Ferney-Voltaire, precisamente onde o meu amigo tinha casa, junto à fronteira suiça de Genéve. Perante tão engraçada coincidência a visita tornou-se inevitável e, para grande surpresa, deparo-me com uma das melhores garrafeiras onde já estive.
A localização, num parque de estacionamento de uma zona comercial e o aspecto de uma entrada de armazém, não deixam antever o que vamos encontrar no interior, uma garrafeira com cerca de 3500 referências dos melhores vinhos franceses. Mais tarde percebo que estamos perante uma garrafeira consagrada, que inclusivé ganhou o título de ‘meilleur caviste du monde’ em 2001. Consideram-se especialistas em grands crus, mas é notório que também dedicam muita atenção aos projectos mais jovens e independentes. Durante a conversa que tive com o simpático jovem que me atendeu (nem parecia francês), tive a oportunidade de comentar que a oferta disponibilizada na loja online era consideravelmente inferior à que encontramos no local, ao que ele respondeu que há muitas referências que não colocam online, porque aí esgotariam em poucas horas e preferem continuar a privilegiar os cliente fidelizados que visitam a loja. É uma política compreensivel e acertada, quando se tem disponivel na prateleira alguns dos vinhos mais procurados no mundo. Mesmo que só disponibilizem uma garrafa por cliente, digam lá que não é um luxo encontrar na prateleira vinhos de produtores como Jean François Ganevat ou Ulysse Collin, só para dar dois exemplos. E sem preços especulativos. Um dia que visitem Genéve, não vão encontrar melhor desculpa para dar um saltinho ao lado francês.