Justino’s – A Revolução do Fanal

Novo enólogo, uma nova marca, novos vinhos e nova imagem, está uma revolução em curso na Justino’s.

Durante muito tempo a grande aposta da Justino’s esteve orientada para o volume e para os vinhos de supermercado, mas nos últimos anos tem-se notado uma aposta mais efectiva nos vinhos de gama média e alta. Aposta essa que se tornou evidente neste último ano, com a entrada do enólogo Nuno Duarte (ex Barbeito) e a criação da nova marca de projectos especiais, Fanal. De repente a Justino’s começou a aparecer com maior frequência à mesa dos enófilos.

Recentemente, num jantar descontraído entre amigos, tivemos a oportunidade de provar as mais recentes novidades da Justino’s na companhia do enólogo Nuno Duarte, que visivelmente orgulhoso nos mostrou algumas das suas mais recentes criações.

Foram provados na ocasião, sete vinhos, dois tranquilos, um de Porto Santo e outro da Madeira e cinco Vinho Madeira. Começámos pelos Colombo, a marca de vinhos tranquilos da Justino’s.

Colombo Caracol – Listrao Branco 2022 – De tão difícil que é, há cerca de uma década atrás chegou a alvitrar-se a extinção da cultura da vinha na Ilha do Porto Santo, mas felizmente e por enquanto, continuam a surgir novos vinhos desta zona tão particular da Madeira. A Justino’s é um dos produtores que está a fazer vinho com uvas do Porto Santo e esta é a segunda edição deste vinho branco produzido a partir de um lote com a casta autóctone Caracol e a Listrão (Palomino Fino de Jerez), provenientes de vinhas centenárias em chão de areia. O vinho subiu uns degraus em relação à edição anterior, está mais sério e focado, perdendo o lado mais tropical do aroma, mas mantendo a acidez e salinidade que lhe dá um carácter tão especial. Foi fermentado em inox e 50% do lote fez um ano de estágio em barrica usada. PVP 26€.  

Colombo Rosé 2022 – Aromaticamente agradavel, sem excessos frutados, num estilo bem definido e com vigor. A acidez está bem presente, o que dá vivacidade ao vinho e ao mesmo tempo lhe confere uma boa aptidão gastronómica. Lote de Complexa (segunda casta tinta mais plantada na Madeira) proveniente da zona de São Jorge (vinhas com 20 anos) e Tinta Negra em latada da Câmara de Lobos (vinha centenária). Fermentação e estágio em inox. PVP 20 €.

Madeira Justino’s Reserve 5 Anos – Nesta nova fase da Justino’s nota-se que existe a aposta em fazer vinhos de gamas mais baixas de boa qualidade e este 5 Anos é a prova disso. Para quem conhece os anteriores 5 Anos da casa, vai encontrar aqui um vinho muito mais preciso, equilibrado e elegante. Um meio seco com alguma complexidade, com sugestões iodadas e de frutos secos, num registo vertical e com a doçura bem balanceada. Lote de vinhos Tinta Negra em “Canteiro” com estágio em cascos de madeira por mais de cinco anos. PVP 16€. 

Madeira Fanal Rainwater 10 Anos – Entramos na linha Justino’s Projects com o primeiro Rainwater 10 Anos do Vinho Madeira. A categoria Rainwater pretende trazer ao consumidor um vinho Madeira mais leve e com menos concentração, criando a oportunidade para momentos de consumo mais descontraídos. No entanto a Justino’s, com a sua marca de projectos especiais, Fanal, quis elevar o patamar desta categoria e para estreia conseguiu um belo vinho. Aroma muito limpo e fresco, fino e focado, cheio de elegância. É um meio seco quase seco, mas a secura que apresenta na boca não magoa, antes pelo contrário, juntamente com uma boa acidez e um toque equilibrado de doçura, conferem-lhe grande classe. Muito bom. Lote de Verdelho com 10% de Terrantez. PVP 20€.

Madeira Fanal Lombo da Igreja – Continuando com a linha premium da Justino’s passámos para o Extra Reserve Lombo da Igreja, uma categoria em conformidade com o padrão de Madeira 15 Anos. Um meio doce, lote de Boal com um toque de Complexa, mais rico e com mais presença de boca. Bom volume, alguma untuosidade, mas mantendo um perfil elegante e fresco, com o toque de acidez volátil a dar uma complexidade muito característica ao vinho. O final é sedutor e muito guloso. Excelente madeira. PVP 45€. A linha Fanal está muito direccionada para a restauração, pelo que a intenção é fazer vinhos muito gastronómicos, mesmo nas categorias mais doces.

Madeira Justino’s Single Cask Sercial 2007 – Ainda conheço muitos entusiastas dos vinhos que, ou por gosto ou por desconhecimento, não dão o devido valor aos Madeira. É uma pena no primeiro caso e uma perca de tempo no segundo, ter à disposição um dos grandes vinhos generosos do mundo e não o apreciar convenientemente. Este Single Cask mostra bem o esplendor dos vinhos Madeira, de aroma complexo e sabor profundo, com uma complexidade apaixonante, onde o iodo, a acidez e a concentração bem medida, conseguem um vinho delicioso e apaixonante. Uvas provenientes de vinhas na zona do Jardim da Serra, com 1000 metros de altitude. PVP 100€. 

Madeira Justino’s Sercial 1999 – Um Frasqueira da velha escola, cheio de nuances aromáticas, fresco, complexo, com uma cor intensa e de alguma profundidade. É um vinho muito sedutor, com a subtileza das sugestões salinas, de iodo e de frutos secos, equilibrado por uma acidez fina e afirmativa que lhe prolonga o final. Que belo Madeira. PVP 200€. Neste vinho a enologia esteve a cargo de Juan Teixeira.

Os vinhos desfilaram num jantar muito bem disposto e descontraído, onde foi também possível avaliar a versatilidade gastronómica destes, que se portaram lindamente a acompanhar os pratos tradicionais do restaurante Solar dos Pintor, em Loures. Houve mesmo harmonizações muito bem sucedidas, como por exemplo o Rainwater com os famosos pasteis de bacalhau. No final, a opinião é francamente positiva e deixa água na boca para o que aí vem. Nos próximos tempos haverão mais novidades e aguarda-se com grande expectativas os novos Single Cask entre os 20 e os 50 anos.

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