Tem sido uma tarefa hercúlea nesta última década converter para modo de produção biológica a gigantesca mancha de vinha da Herdade do Esporão. Por esse motivo imagino que deva ser com redobrada alegria e orgulho que o Esporão lança o primeiro Reserva Branco com certificação biológica. A colheita de 2019 é a 35ª (!) deste vinho clássico do seu portefólio.
Este 2019 volta a ser produzido com as castas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro, provenientes das mesmas vinhas de sempre, agora naturalmente mais antigas e a proporcionarem mais complexidade. A fermentação foi feita em cubas de inox e barricas novas e o estágio de seis meses igualmente em inox e barricas novas.
Aromaticamente mais comedido do que esta referência se costuma apresentar. Limpo e focado. Sugestão de barrica, fruta branca, especiarias, algum mel, tudo bem enquadrado e sem excessos. Boca bastante viva, com ligeira doçura de fruta, corpo e estrutura mas com boa acidez, num estilo equilibrado e de boa persistência final. O vinho está jovem, a barrica vai integrar mais, mas segue dentro do perfil habitual deste clássico alentejano. Deve evoluir bem, como é seu apanágio.
Assim ao primeiro contacto e por comparação com colheitas anteriores diria que se nota uma fruta mais definida e limpa, ao mesmo tempo que aromaticamente não é tão expressixo. Será um reflexo do ano ou das vinhas biológicas? Pessoalmente gosto assim, mas agradar a todos não é fácil como se sabe. O rótulo, uma imagem de marca desta referência, este ano foi ilustrado pela fotógrafa Anne Geene.