Quinta das Carrafouchas Tinto 2013

É sempre um prazer voltar aos vinhos da Quinta das Carrafouchas.

Depois de uma inexplicável ausência, recentemente regressei à bonita propriedade localizada em Loures, à boleia da gravação de um episódio dos Enochatos e, na presença do proprietário, António Maria Cannas, foi o momento ideal para voltar a provar os vinhos, dos mais antigos aos mais recentes.

Foi bom voltar a ter lado a lado o Carrafouchas 2008 e 2009, dois vinhos que na altura proporcionaram muitas conversas entre a comunidade enófila e que ainda hoje podem alimentar as mesmas, pois encontram-se de perfeita saúde. Mais evoluídos, evidentemente, mas ainda com muita vida e a darem excelente prova. São vinhos fora de modas, assim como todos os outros do produtor e a prova do tempo mostra-nos que tirar conclusões apressadas sobre estes vinhos pode levar-nos a juízos precipitados. Uma excelente surpresa, que ainda não conhecia, foi o Branco de 2019, um arinto à imagem dos brancos da quinta feitos pelo enólogo Hugo Mendes. Jovem, fresco, tenso, com boa capacidade de guarda, a deixar as melhores perspectivas a quem ainda o tenha em cave. Infelizmente está esgotado no produtor, por isso se o apanharem por aí não o deixem escapar.

Outro vinho que está numa excelente fase é o topo de gama Çaloyo, da colheita de 2012, um monocasta de Touriga Nacional com 24 meses de estágio em barrica usada. Um bom exemplo de como a Touriga Nacional em barrica não tem obrigatoriamente de ser chata. Frutado, com muita presença, é um tinto que vem sendo amaciado pelo tempo, com um ligeiro toque de volátil que lhe dá muita personalidade. Está numa fase em que dá excelente prova. É o vinho mais caro do produtor mas percebe-se porquê, está de facto uns furos acima dos restantes. Por fim o colheita tinto, o último a chegar ao mercado é da colheita de 2013. Depois de ter deixado as melhores impressões quando o provei na quinta, trouxe umas garrafas para ir bebendo tranquilamente em casa. É um lote de Touriga Nacional e Aragonez, fermentado em inox, seguindo-se um estágio em barrica durante seis meses apenas para metade do lote. A fruta está muito bem envolvida na madeira, originando um vinho frutado, com presença de boca, com uma acidez fina que lhe dá uma excelente aptidão para acompanhar pratos mais estruturados. Um colheita à imagem dos colheita do produtor, apesar deste me parecer mais arrumado, talvez fruto dos anos que já leva de garrafa. É sempre uma boa compra.

Antes de terminar, apenas lembrar que a Quinta das Carrafouchas está localizada no concelho de Loures, a escassos quilómetros da cidade de Lisboa e que pode ser uma boa inspiração para um passeio familiar ou com amigos. A propriedade é muito bonita, tem um interior com património histórico e com marcação podemos visitar, provar os vinhos, fazer uma refeição, ou adquirir os vinhos directamente do produtor. Não muito longe dali também podemos encontrar o Solar dos Pintor, um excelente restaurante que nos oferece um conjunto de receitas regionais e que também é um ponto de interesse naquela zona, que pode complementar esta oferta turística. Uma boa forma de viver a envolvência bucólica deste trecho da Grande Lisboa.

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