Com o Verão a pique, e se este tem sido rigoroso, alguns vinhos que têm passado pela minha mesa durante estas últimas semanas.
O Soalheiro Granit 2015, uma novidade da Quinta de Soalheiro, aposta na expressão mineral da casta e para vinho de estreia temos de admitir que a coisa correu muito bem. Com uma fruta mais contida que seu irmão colheita, tem na mineralidade o seu fio condutor. Fresco, com acidez no ponto e muito gastronómico, tem tudo para ser um novo best seller do Verão (11€/17).
Depois o Anselmo Mendes Curtimenta 2012 , que continua cada vez melhor (última prova em Abril de 2015). Rico de aroma, com citrinos à frente, laranja, toranja, tudo envolvido por uma barrica que se funde na fruta com uma precisão de relógio suiço. Rico, sedutor, de acidez fina. Um luxo. Para beber agora ou ir acompanhando a evolução (18€/17,5).
Passemos ao Douro e ao Duorum Colheita 2014 que já é a 8ª colheita deste vinho e continua a ser uma das mais sólidas propostas durienses neste segmento. Segue na linha das colheitas anteriores, com tudo no sítio, fruta, acidez , madeira, em diálogo coerente e harmonioso. Permite beber-se já com muito prazer, com as notas florais e frutadas envolvidas na barrica a sugerirem consumo guloso, mas com acidez e taninos suficientes, que lhe dão garra e o tiram da mediania. Eu gosto (10€/16,5).
O Alambre 20 Anos da JMF, este engarrafado em 2015, continua a ter presença assídua cá em casa e permanece como uma das melhores relações qualidade-preço do mercado. As provas sucedem-se e a consistência mantém-se. Profundo, complexo e com excelente boca, apesar desta vez ter ficado com a ideia que lhe faltava um pouco daquela acidez tão afirmativa que o caracteriza. Algo para confirmar em futuras garrafas (23€/17,5).
Paciência e persistência são duas características indispensáveis para jogar a lotaria dos vinhos velhos e, ainda para mais neste mundo que cada vez corre mais depressa, poucos estão dispostos a isso. Talvez por isso estes fiquem reservados para uma pequena fatia de maluquinhos que corre atrás destas relíquias. A maioria das vezes perde-se, mas quando a sorte nos bate à porta somos recompensados com um dos maiores gáudios vínicos. Este Má Partilha 1992 mostrou-se em muito melhor forma que outra garrafa aberta há meses e deu muito prazer. Apontamentos vegetais, limpo, com textuta e acidez, a dar uma excelente prova de boca (10€/16).
Termino com o Monte da Ravasqueira Branco 2015, que chegou ao mercado há poucos meses e é um vinho atractivo e fresco, muito consensual, que vai com certeza obter muitos encómios na companhia da gastronomia desta época mais quente. Com algum ênfase nos citrinos, mostra ainda muita juventude, num estilo acessível onde a acidez dá vida ao conjunto e lhe confere a frescura necessária para um consumo descontraído mas não boçal (5,50€/15,5).