Conheci este vinho há uns anos em plena Feira do Pão, Queijo e Vinho, em Palmela, numa das primeiras aparições públicas do dito. Lembro-me do entusiasmo do produtor, Luís Capitão, a apresentá-lo, enquanto dizia que procurou fazer um vinho fresco e elegante que expressasse o terroir da sua propriedade proximo da Costa Alentejana, entre Santiago do Cacém e o Cercal.
Na altura lembro-me de, dentro da sua simplicidade, ter gostado do vinho, apesar da dureza de taninos. Uma coisa era evidente, acidez não lhe faltava, o que até deixava a impressão que poderia evoluir bem com o tempo.
Agora, ao encontrá-lo meio esquecido nas ultimas prateleiras de uma garrafeira de Lisboa, fiquei com a curiosidade de voltar a ele.
Está mais adulto, mais macio, com a fruta madura a mostrar-se menos directa e os taninos já arredondados a darem um conforto que o conjunto não tinha. O estilo simples mantem-se, mas ganhou volume de boca e continua com um perfil elegante e com muito boa acidez. Gostei de o beber. Bem vivo e nada pesado, é um bom exemplo de que um entrada de gama não tem forçosamente de ser comercial e evidente. Parabéns ao produtor pela coragem de apostar num vinho menos óbvio.
Vale das Éguas Tinto 2010
Produzido pela Herdade do Cebolal em Santiago do Cacém.
Enologia de António Saramago
Aragonez e Alicante Bouschet
Sem estágio em barrica
12,5º de volume de álcool
Cerca de 5€ em garrafeiras especializadas.
15,5 pontos