Recentemente, num jantar vínico entre amigos, alguém trouxe este vinho às cegas. Gostei muito do vinho, mas enquanto provava, confesso que não fazia puto de ideia do que estava a beber e as poucas suspeitas que tinha foram para latitudes bem distantes do Etna.
Quando chegou a hora de se revelar o que estavamos a beber, qual a surpresa de ver um Etna Rosso, do produtor Tenuta Delle Terre Nere. Curiosmante já conhecia este produtor através do branco Calderara Sottana, mas nunca tinha provado os tintos. Ao consultarmos a ficha técnica, ficamos a saber que este Tenuta Delle Terre Nere Feudo di Mezzo Il Quadro Delle Rose Etna Rosso 2016 (ufa!) é um monocasta de Nerello Mascalese (98%), temperado com 2% de Nerello Capuccio, duas castas nativas daquela região vulcânica e as mais representativas dos vinhos tintos produzidos no Etna. Uvas que são provenientes da Feudo di Mezzo, uma vinha Premier Cru com uma média de 60 anos de idade e situada na encosta norte do vulcão a uma altitude de 700 metros. As uvas escolhidas para este vinho são seleccionadas das melhores parcelas, que nesta vinha têm o nome de Quadro Delle Rose.
É um vinho cativante. Seja pela complexidade aromática, com aromas entre notas vegetais, de frutos silvestres e alguma especiaria, num registo expressivo mas nada aborrecido. Seja pela boca, macia, saborosa, de taninos finos, com sensações minerais e uma acidez muito bem proporcionada. É um vinho que não cansa, bebe-se descontraidamente e que apetece mais um copo. Merece ser conhecido e não será difícil encontrá-lo no comércio online (os Projectos Niepoort distribuiam este produtor em Portugal).
Resta referir que a Tenuta Delle Terre Nere é um projecto de Marco de Grazia, um dos pioneiros do Etna, que primeiro entendeu o potencial daquele terroir e dos primeiros produtores na região a produzir vinhos a partir de uvas de parcelas seleccionadas. Sem dúvida uma das maiores referências da região.