Julien Altaber é um dos novos meninos bonitos da Borgonha.
Após estudar viticultura, Julien Altaber tomou a decisão de produzir vinho na Borgonha. Começou a interessar-se pelas práticas biológicas e bio-dinâmicas e partiu à procura de vinhas onde pudesse dar início a essa aventura. Como é sabido, o preço das vinhas nesta que é uma das mais valorizadas regiões produtoras de vinho do planeta não é muito amigável para um jovem cheio de sonhos mas com pouco poder financeiro e a coisa não se aparentava fácil. Até ao dia que conheceu um dos magos e pioneiros da bio-dinâmica, Dominique Derain, que o apadrinhou e proporcionou a possibilidade de começar a exercer em Saint Aubin a actividade que tanto desejava.
À medida que se ia entrosando no meio e tendo-se tornado o braço direito de Derain, aos poucos as portas foram-se abrindo e Altaber foi encontrando vinhas que lhe posibilitassem concretizar o sonho de dar forma ao seu projecto pessoal. Assim nasceram os Vinhos Sextant. Como é hábito, nesta actividade económica sedenta de novidades, rapidamente os Sextant se foram afirmando e Altaber foi sendo acarinhado pela crítica, tendo mesmo neste momento, ao assumir o negócio de Derain, se tornado uma das referências de Saint Aubin.
O meu primeiro contacto com estes vinhos aconteceu através deste La Fleur au Verre, um branco de Chardonnay da colheita de 2017, classificado como AOC Bourgogne. Produzido através de agricultura biológica, foi vinificado em grandes pipas usadas (foudre) com leveduras naturais, sem sulfuroso e teve um estágio posterior de cerca de seis meses. É um vinho que se identifica de imediato com um estilo de vinho natural. Um pouco turvo, com ligeira redução no primeiro impacto aromático e sem mostrar logo muita coisa. Com o arejamento começam a surgir as primeiras notas de fruta, branca e citrinos, mel, ligeira sensação amanteigada, que aos poucos nos leva para a casta e para a região. A barrica surge quase imperceptível. Mas é na boca que este vinho nos conquista de imediato. Excelente ataque, com volume, estrutura, mas elegante, tudo muito bem equilibrado. A acidez é muito afirmativa (quase violenta), fina e salivante, que transmite muita vivacidade ao vinho e o prolonga pelo final de boca. Há ainda um travo salino que lhe transmite muito carácter. De uma juventude evidente, que não lhe permite nesta fase mais complexidade, será um vinho para acompanhar nos próximos anos pois irá certamente evoluir da melhor maneira.
Deixa água na boca, este primeiro contacto com os Sextant. São vinhos para descobrir, dos Aligoté, aos Pinots, das gamas mais baixas aos de classificação mais alta. Acima de tudo, são excelentes exemplos de como produzir bons vinhos naturais, sem desvirtuar a casta e a região. Este Bourgogne Blanc custou cerca de 20€ em compra online e é muito recomendável para entrar no mundo dos borgonhas de Julien Altaber.