Fernão Pires e Sopa da Pedra

Hélia Costa, a Sra. Sopa da Pedra.

Quando pensamos em escolher um vinho para acompanhar um prato de Sopa da Pedra, talvez um branco de Fernão Pires não seja a nossa primeira escolha. Mas foi precisamente esse o mote da CVR Tejo quando organizou uma jornada para mostrar a capacidade gastronómica dos vinhos de Fernão Pires da região, quando colocados à prova com os sabores exigentes da Sopa da Pedra.

Antes do referido desafio, houve tempo para uma visita à Adega Cooperativa de Almeirim, onde o enólogo António Ventura, seu responsável de enologia, nos falou sobre a actividade da adega e também das características da casta Fernão Pires naquela zona da região do Tejo. Com cerca de 20M de litros de vinho produzidos anualmente, a cooperativa desempenha um papel fundamental no desenvolvimento sócio-económico da região de Almeirim, proporcionando as condições ideais para escoar as muitas toneladas de uva produzidas pelos seus associados. Deste volume, 80% da produção é de vinho branco e entre ele, 7M de garrafas são do vinho frisante, Cacho Fresco, que dessa forma ostenta o título do vinho mais vendido em Portugal.

O palco principal da acção estava reservado para o restaurante O Toucinho, uma instituição da nossa restauração, cuja receita da Sopa da Pedra de Almeirim se tornou famosa e inclusivé consta numa das bíblias da nossa gastronomia, o livro “Cozinha Tradicional Portuguesa” de Maria de Lourdes Modesto. Chegámos a tempo de umas caralhotas a sairem do forno, para depois ouvirmos a proprietária Hélia Costa a explicar a preparação desta popular receita da região de Almeirim.

Chegou então a hora de ir para a mesa, harmonizar os vinhos escolhidos pelo escanção Rodolfo Tristão com a Sopa da Pedra. Foram seleccionados 6 vinhos de Fernão Pires com perfis distintos (mais um pet nat e um licoroso, para a entrada e saída da refeição), que dessa forma proporcionaram diferentes graus de satisfação no casamento com a sopa.

A saber: QUINTA DA RIBEIRINHA – Contracena Pet Nat Fernão Pires branco 2020 – DOC do Tejo – Estreia em 2021, PVP: €12,00 • Álc.: 12,00%. ADEGA DE ALMEIRIM – Varandas branco 2020 – DOC do Tejo, PVP: €2,99 • Álcool: 13,0%. ADEGA DE ALMEIRIM – A.C.A. branco 2020 – DOC do Tejo, Lançamento em 2022, PVP: €12,00 • Álc.: 13,00%. CASAL BRANCO – Falcoaria Fernão Pires Vinhas Velhas branco 2019 – DOC do Tejo – Lançamento em 2022, PVP: €15,00 • Álc.: 12,50%. CASAL DA COELHEIRA – Casal da Coelheira Limited Edition branco 2020 – DOC do Tejo – Estreia em 2021, PVP: €9,00 • Álc.: 12,90%. QUINTA DA ALORNA – Reserva das Pedras Fernão Pires branco 2018 – DOC do Tejo – Estreia em 2021, PVP: €19,99 • Álc.: 12,50%. QUINTA DA LAPA – Quinta da Lapa Fernão Pirão branco 2019 – DOC do Tejo, PVP: €8,60 • Álc.: 13,00%. ADEGA DO CARTAXO – CTX Licoroso Abafado Superior branco 2014 – DOC do Tejo, PVP: €11,70 • Álc.: 17,65%.

Para o meu gosto, as melhores harmonizações resultaram de vinhos com algum estágio em barrica e perfis mais contidos, onde as notas frutadas e florais tão características da Fernão Pires não eram tão expressivas. O Falcoaria (à frente de todos), o Casal da Colheira e o Alorna, foram os que melhor lidaram com os sabores da Sopa da Pedra, conseguindo mesmo um casamento bem sucedido, o que à partida poderia suscitar algumas dúvidas. Destaque também para o Contracena, um pet nat de Fernão Pires que abriu a refeição e que mostrou que a região também está atenta às tendências do mercado. Jornada saborosa e didáctica, que teve o mérito de eliminar alguns preconceitos em que o mundo do vinho é pródigo. Quando passarem por Almeirim confiram, se não é um casamento bem sucedido.

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