Primeira experiência com os vinhos Lés a Lés. Já tinha ouvido falar deste projecto dos enólogos Jorge Rosa Santos e Rui Lopes, que percorrem o país de lés a lés ao encontro de vinhos especiais, mas ainda não tinha tido oportunidade de provar nenhum dos seus vinhos. Chegou agora o momento, numa visita ao E.Leclerc de Torres Novas, de meter no carrinho este Sério de Síria da Beira Interior. Custou-me 11,99€.
Este é um projecto onde encontro algumas semelhanças com o Monte Cascas em que Rui Lopes também participou. Nesse procurava-se a diversidade através de antigas vinhas espalhadas pelo país, enquanto que neste Lés a Lés, dentro do mesmo registo, os enólogos procuram estilos, castas, vinhas, em variadas regiões, que possam originar vinhos distintos e que ajudem a contar a história dos seus percursos profissionais. Uma palavra de elogio à imagem escolhida, com rótulos bonitos, modernos e impactantes, que se destacam em qualquer linear.
Este Sério de Síria, como o nome deixa antever, é um branco de Síria da Beira Interior, de uma vinha velha de altitude em Figueira de Castelo Rodrigo. Além da maioritaria Síria, o lote tem cerca de 20% de outras castas brancas misturadas. Foi fermentado em “barricas velhas e neutras”, conforme diz o rótulo, estagiando depois nas mesmas por cerca de 12 meses. Mostrou-se um branco cheio, rico, com estrutura, mas bem equilibrado por uma boa acidez e umas notas minerais que até nos transportam por momentos para o Dão. Nota-se uma ligeira evolução, onde as suaves notas de barrica também ajudam a acentuar, mas como tem ainda muita frescura acaba por dar uma excelente prova, principalmente na boca, com uma presença saborosa e persistente. Poderia ganhar, a meu ver, com um teor de álcool mais comedido.
Para primeira experiência não podia pedir mais. Fiquei curioso para provar a colheita de 2017, que já está no mercado, assim como os outros vinhos do projecto, como por exemplo o novo branco produzido em Távora-Varosa. Darei notícias dos ditos, a seu tempo.