Com algum atraso, mas aí estão os resultados do inquérito sobre os hábitos de consumo de vinho durante o confinamento a que fomos obrigados devido à pandemia do novo coronavirus. Obrigado a todos que perderam uns minutos do seu dia a responder, porque só assim foi possível chegar a alguns resultados bastante interessantes. Antes de passar a uma pequena análise sobre os mesmos, é importante referir que a amostra foi superior a 150 pessoas, o que não sendo grande penso que é suficiente para retirar algumas ilações. Ainda para mais tendo em conta que foi uma amostra bastante heterogénea, que pretendeu reunir diversos tipos de consumidores, em vez de se focar apenas naqueles grupos mais aficcionados do vinho.
Sem querer ser muito exaustivo, pois são dados que dão para muitas e mais profundas análises, seleccionei apenas aqueles que me pareceram mais pertinentes para referir aqui neste momento. Uma das principais conclusões era também uma das mais esperadas, que durante o confinamento o consumo de vinho aumentou. De facto quase 50% dos inquiridos admitiu que passou a beber vinho mais frequentemente e penso que esta tendência terá sido maior nas primeiras semanas do confinamento, quando ainda estávamos a tentar perceber o que nos tinha acontecido apoiados no conforto de um copo de vinho.
Outro dado bastante interessante está relacionado com os locais onde se adquire o vinho. Se em tempos normais uma grande maioria indicou, de forma esperada, o supermercado como o local preferencial para as suas compras, não deixa de ser curioso que, mesmo depois do confinamento, com todas as restrições existentes, este continuou a ser o canal de compra preferido para quase 60% dos consumidores. Hábitos que nem a pandemia demove. Neste capítulo também é importante observar que as vendas online quase duplicaram, com 15% a admitir que o fez pela primeira vez e 20% que usaram estes canais mais vezes que o habitual. Curiosamente estes são dados que estão em linha com outros revelados noutros países. Já um tanto surpreendente foi o numero de consumidores que respondeu que compra directamente ao produtor.
Como já tinha referido no lançamento do inquérito, um factor importante durante este período foi a preponderância do digital. Além do aumento das já citadas vendas online, tambem a comunicação das marcas e o próprio consumo passaram pelos mais diversos canais digitais. Quase 40% dos inquiridos, o que é um número bastante significativo, respondeu que em alguma altura deste confinamento consumiram vinho por vídeoconferência com outras pessoas através de aplicações como a Zoom, apesar de menos de 1% ter dito que o fez diariamente.
No que toca à receptividade dos consumidores para ouvir as marcas e os produtores através destes canais, apesar de 30% ter respondido que raramente o fez, quase 50% admitiu que em algum momento o fez, o que me parece ser um número bastante encorajador para estas acções. Outro dado importante foram os quase 25% que admitiram que essas peças online os motivaram a adquirir os vinhos do produtor em questão. Um sinal definitivo para as marcas investirem na sua comunicação online, apesar da disponibilidade dos inquiridos para estes conteúdos após o desconfinamento não ser tão optimista. Teremos um gradual retorno aos hábitos de consumo mais tradicionais?
Como referi ao início há muitas mais ilações a retirar deste inquérito, nas suas várias respostas, mas deixo ao critério de cada um a sua própria interpretação. Podem aceder aos resultados completos do inquérito através desta ligação.