Os Parceiros na Criação estão de volta com três novidades.
O projecto familiar de João Nápoles e Joana Pratas no Douro apresentou recentemente três vinhos brancos que chegaram agora ao mercado. Um deles é uma referência muito especial, o primeiro vinho feito com uvas da região do Tejo e do Douro.
Os vinhos foram apresentados por vídeo-conferência, um sinal dos tempos, onde foi possível trocar algumas ideias e opiniões com os autores do projecto.
O primeiro foi o Esteira Branco 2019, um lote de quatro castas tradicionais do Douro, provenientes cada uma da sua própria vinha. O Rabigato da Vinha da Teresinha, o Viosinho da Vinha do António (os dois filhos do casal que também se envolvem no projecto), a Códega da Vinha da Encosta e o Gouveio da Vinha dos Patamares. Todas a cerca de 500 mts de altitude. O vinho fermentou em inox com leveduras indígenas e estagiou também em inox, com bâtonnage durante 3 meses. Contido no estilo, sem exuberâncias aromáticas, é um branco de perfil jovem e muito fresco, com uma acidez vibrante, corpo médio, em tom elegante e com uma excelente aptidão gastronómica. Estou curioso para ver como vai evoluir, pois acredito que vai crescer na garrafa (pvp 9€, 1800 garrafas).
Depois passámos para o Casa da Esteira Vinhas Velhas branco 2019 e como o nome indica estamos perante um lote de vinhas velhas provenientes de duas vinhas com cerca de 50 anos. Fermentou em barrica com leveduras indígenas a que se seguiu um estágio durante 11 meses. Por comparação com o anterior este é um vinho mais complexo, mais amplo, com mais presença, num registo onde a barrica ainda surge um pouco dominante. Tem uma excelente acidez, fina, que torna o vinho elegante e lhe dá um final com muita frescura. Deu-se muito bem à mesa a acompanhar uma açorda com ovo escalfado (pvp 17€, apenas 900 garrafas).
E para terminar ficámos a conhecer o Parceiros Na Criação DOTE branco 2018, a primeira edição deste branco produzido com uvas de Fernão Pires da região do Tejo e com Vinhas Velhas do Douro. Um vinho com um significado muito especial para este casal, pois evoca a sua união, sendo também eles naturais destas duas regiões. O processo de vinificação foi idêntico ao Casa da Esteira, fermentação em barrica com leveduras indígenas e depois 11 meses de estágio. Mais carregado na cor, mostra aromas de fruta branca, sugestões florais, alguns citrinos e apontamentos tostados, tudo num registo contido e sério. Tem boa dimensão de boca, rico e complexo, mas sempre num perfil elegante, de álcool comedido e uma acidez muito franca a conferir frescura e um final expressivo e de bom comprimento. Para primeira edição pode dizer-se que acertaram na fórmula, pois a Fernão Pires mostra-se séria, sem se sobrepor ao conjunto, harmonizando muito bem com a riqueza das vinhas velhas do Douro. Está aqui um belo branco, cheio de carácter, a mostrar-se de facto diferente (pvp 20€, 1300 garrafas).
Em jeito de conclusão final, achei que estes vinhos evoluiram imenso relativamente às colheitas anteriores que conhecia. Estão num estilo mais sério, com mais personalidade, ainda jovens é certo, mas a mostrarem muito potencial de envelhecimento. O trabalho com as barricas pode ser melhorado, mais afinado, mas vê-se que houve a preocupação de fazer vinhos frescos, elegantes, de álcool comedido, num estilo muito direccionado para a mesa. Estão de parabéns os PNC.