Há um mérito que ninguém tira a Diogo Rocha, conseguiu colocar o Dão no roteiro da alta gastronomia portuguesa. O chef do Mesa de Lemos, o restaurante gastronómico da Quinta de Lemos, trouxe a uma região que já era uma referência nos vinhos e na gastronomia regional, a excelência de uma cozinha moderna e criativa, inspirada pelo receituário clássico. É uma dimensão que o Dão não conhecia, a depuração dos produtos, uma apresentação moderna e bonita e, o mais importante, pratos cheios de sabor, a aproximarem-nos dos paladares mais tradicionais e muitos deles já mal lembrados.
Pode ir-se pela carta, mas é através dos menus que temos acesso a uma experiência condigna, que nos introduz à cozinha arrojada de Diogo Rocha. São três: o Mesa de Lemos (três pratos), o Lemos (cinco pratos, o desta publicação) e o do Chefe (sete pratos), todos abrilhantados por vários momentos extra conforme as fotos documentam. O lugar é de uma elegância extrema, amplo, moderno, iluminado, onde todos os detalhes contam e em harmonia com o serviço, jovem, profissional e bem disposto. Nos vinhos as escolhas resumem-se exclusivamente às referências produzidas na casa. É pena que uma região tão rica neste capítulo não possa estar mais representada, mas sendo um restaurante inserido num projecto de enoturismo de uma casa produtora, entende-se perfeitamente. E a verdade é que o menu de cinco vinhos seleccionados para acompanhar a refeição acabaram por resultar muito bem na harmonização com os diversos pratos.
Achei muito recomedável esta Mesa de Lemos. E mesmo não tendo referências para poder considerar sobre a consistência desta cozinha, penso que não chocaria ninguém, pela amostra desta refeição, uma aparição do Bibendum pela serra. Já vi menos por mais em conceituados estrelados.