Podemos beber Rieslings de todo o mundo, mais ou menos secos, com mais ou menos acidez, melhores ou piores, mas nenhum se compara aos Riesling do Mosel. A precisão, o carácter, a pureza, a profundidade destes vinhos são inigualáveis. Este Immich da vinha Steffensberg é um vinho delicioso e esta colheita de 2012 está numa fase extraordinária.
Não conhecia este produtor do Mittel Mosel que é representado em Portugal pelos Goliardos. Foi-me dado a conhecer por um amigo, que fez questão que provasse este vinho. Conforme se pode ler na página do distribuidor português, a família Immich produz vinho no Mosel há mais de 500 anos e a sua propriedade tem mais de 1000 anos, um pouco à semelhança da Staffelter Hof que já falei aqui. O nome Batterieberg (a montanha dinamitada) é uma alusão aos trabalhos com dinamite que a família Immich fez naquela colina com a finalidade de criar socalcos como no Douro e dessa forma facilitar o processo de viticultura. Os rótulos ilustram essa história, com dois anjos a disparar um canhão de riesling.
Steffensberg é uma vinha inclinada na zona de Enkirch, de onde saem os melhores vinhos deste produtor. Este 2012 impressiona pela frescura e precisão que mantém. Nada evoluído, ainda sem os característicos apetrolados dos riesling com idade, mostra uma boa complexidade aromática, com fruta branca, citrinos, notas de chá de ervas, tudo envolvido por frescas sugestões minerais. Na boca não é bem um trocken, tem uma ligeira doçura, mas é tão ligeira e tão bem integrada no corpo e na acidez, que quase não se dá por ela. Textura de seda, tenso e vivo, muito puro e profundo, num estilo muito fiel à casta e à região. Excelente.
Uma curiosidade engraçada deste vinho é que a cor do rótulo muda consoante a qualidade da colheita. Verde nos melhores anos, amarelo ou vermelho nos outros. Este exemplar custou cerca de 25€ nos Goliardos. Não é um vinho barato, mas vale cada cêntimo. Reserve-se para uma ocasião especial. Pelo que sei este 2012 já está esgotado mas a qualquer momento deverão surgir novas colheitas à venda. Serviu de conforto para um domingo de confinamento a acompanhar de forma grandiosa o sushi do Izanagi.