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Confesso que eram vinhos que não conhecia. Provei-os pela primeira vez, recentemente, numa prova na Garrafeira The Wine Company. Foi por isso, com redobrado entusiasmo, que aceitei o convite para visitar a Herdade de Torais. Uma excelente oportunidade para conhecer a Herdade, os vinhos e as pessoas por detrás dos mesmos.
Num sábado, abençoado por uma trégua de São Pedro em tão chuvoso inverno, lá fizemos céleres, os cem quilómetros que nos separavam de Montemor-o-Novo.
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Chegámos com a mesa posta. Feitas as apresentações e um pequeno reconhecimento visual da herdade, sempre sob o olhar atento da Mel, a simpática cadela da propriedade, passámos de imediato para a prova dos vinhos.
Começámos pelo rosé, que não é comercializado, receita caseira portanto. Mostrou-se guloso, fresco e directo, perfeito para início de conversa. Até a piscina ficou mais convidativa. Depois vieram os brancos. O 2011, cítrico e elegante, e o 2012, acabado de engarrafar, mais envergonhado, a mostrar alguma barrica, mas dentro do mesmo perfil.
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Enquanto se provavam os vinhos e se depenicavam as insinuantes entradas alentejanas, Fernando Pereira Coutinho, o proprietário da Herdade de Torais, ia-nos contando como começou esta aventura de ter uma herdade no Alentejo. Recuamos a 1990, quando conheceu a herdade e a achou um bom investimento. Nesse momento decidiu comprá-la e desenvolver uma exploração agrícola com foco no gado e nos cereais. Mas um acidente de percurso (o gado foi vítima da tuberculose) fez com que em 2002 a estratégia se alterasse e a vinha passasse a ser uma realidade na produção da propriedade. Quem assistia à conversa e ia sendo metralhado com as perguntas dos eno-chatos presentes, era o enólogo Pedro Pinhão, que assumia as despesas da enologia da casa, na ausência do seu colega e enólogo principal, Diogo Campilho. |
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A conversa estava boa, mas valores mais altos se levantavam. Foi altura de passar ao interior da casa principal da herdade, lindíssima diga-se de passagem, onde nos esperava uma mesa tipicamente alentejana, com um cozido à portuguesa que nos iluminava os olhos. E o espírito. |
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Com o cozido chegaram os tintos em jeito de vertical. Começámos pelo 2004, que se mostrou bem vivo para quem já vai a caminho dos dez anos de idade, fruta preta e sugestões de couro, com suaves notas de evolução, que casavam lindamente com o prato que estava na mesa. Um Alentejo diferente. Depois o 2005, o mais fresco do grupo, a mostrar também ele boa vitalidade. O 2008, com a fruta bem madura, mostrava Alentejo, mas a boca era fina e nunca sucumbiu ao desafio que os enchidos lhe impunham. Para terminar, o Reserva 2007. Mais adulto, com mais corpo e intensidade. Um degrau acima, diria eu. Belo tinto a fechar com chave de ouro a refeição. |
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No final de tão prazerosa refeição, com os estômagos ainda a cantar vitória, o grupo tinha uma surpresa à espera. Houve quem apostasse numa sesta debaixo de um chaparro, mas não, a surpresa era outra. Depois de uma semana de tanta chuva, o céu azul dava brilho à planície e convidava para um passeio de trator a explorar a propriedade. All aboard… |
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Não há stress que resista. Os 200 hectares da herdade ia passando à frente do grupo com a tranquilidade que só o Alentejo consegue emanar e até as lebres fizeram questão de saudar a nossa passagem e de reforçar o motivo da escolha do logotipo para a marca Torais. Os 20 hectares de vinha estão perfeitamente integrados na paisagem rural envolvente. Só castas tintas. Aragonez, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Syrah e Alicante Bouschet, são as predominantes. As brancas chegam seleccionadas da Vidigueira. É tudo vinificado em adega vizinha. |
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A Herdade de Torais está hoje inserida no colectivo Local Handcrafted Wines, numa lógica actual de comunicação e implantação da sua marca. Estão de parabéns os responsáveis pelo projecto. Sólido e sustentável. Com vinhos que dão prazer descobrir e que surpreenderam pela longevidade. Merecem por isso a nossa atenção. |
Sociedade Agrícola de Torais
Herdade de Torais
7050-322 Montemor-o-Novo
Tel: 266 892 550
Email: [email protected]