Arroz de Camarão e um velho amigo, o grande Pelluda da Pellada.
Este é um prato muito comum cá em casa. Fazemos muitas vezes. Sempre que não há grande inspiração ou muito tempo, o arroz de camarão surge como uma opção salvadora. É muito simples e rápido de fazer. A única preocupação a ter é retirar o camarão do congelador um pouco antes. Nós temos sempre camarão congelado, não é um produto excessivamente caro e dá para muita coisa. 1 kg dá para imenso tempo. Compramos fresco na banca do Sr Carlos Oliveira (Peixe à Porta), no Mercado 31 de Janeiro, é sempre uma maravilha e depois congelamos para estas ocasiões. A qualidade do camarão é fundamental, porque tem muito mais sabor e não necessitam de usar tanto. Se usarem aqueles sacos congelados do supermercado terão de usar muito mais quantidade e o sabor nunca será o mesmo.
Voltando à receita. Descascam-se os camarões mantendo as cabeças e são fritos apenas num pouco de azeite só temperados com sal. Pouco fritos, queremos que fiquem duros e não cozinhados demais. Depois de cozinhados retiram-se as cabeças com cuidado, de modo a aproveitar todos os sucos que saiam, colocam-se as mesmas dentro de um coador e com a ajuda de uma colher espremem-se até soltarem todos os sucos. Se por esta altura estão a achar que esta receita é uma trabalheira, esqueçam, não é, e este procedimento faz toda a diferença no resultado final. É a diferença entre termos um caldo rico e cheio de sabor para o nosso arroz ou outro sensaborão e mascarado com ingredientes desnecessários que muitas vezes só entram para dar cor ao prato. Toda a cor (que podem ver na foto) e sabor deste prato vem deste caldo que a cabeça dos camarões proporciona, pois a receita não leva tomate, nem pimentão, nem outro ingrediente para dar cor.
Depois de já termos o nosso caldo com base nos sucos das cabeças, voltamos ao tacho da fritura dos camarões e na mesma gordura estala-se alho, cebola, uma malagueta pequenina (atenção para não ficar muito picante) e deixa-se ganhar cor. Tudo suave, não é necessário grandes refogados. De seguida entram o caldo dos sucos e o arroz, que também estala ligeiramente, apenas para ganhar os sabores, antes de por fim entrar a água para a cozedura. A qualidade do arroz também é importante para o resultado final, nós usamos sempre o Agulha da Cigala, tem o bago duro e aguenta-se muito bem nestas preparações, mesmo aquecendo as sobras no dia seguinte. Já a quantidade da água depende de como gostam do arroz. Como gostamos dele caldoso como na foto, leva entre 2,5 a 3 vezes a quantidade do arroz. Durante a cozedura (cuidado para o arroz não ficar cozido demais) acertam-se os temperos de sal e já na parte final juntam-se os camarões e um raminho de coentros picados. E pronto, temos o nosso arroz pronto e cheio de sabor. Não se deixem iludir com a cor, o sabor está lá todo, adicionar ingredientes para dar cor só vai comprometer o resultado final, que se quer simples, com o travo de mar do camarão acima de todos os outros.
Para acompanhar o prato, o vinho eleito foi o Pelluda da Pellada, um velho conhecido, que na colheita de 2018 volta a encantar-nos com a sua simplicidade, presença e carácter. Um vinho abaixo de 10€ que merece lugar em qualquer garrafeira.