A região da Rioja está dividida em três sub-regiões, Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Baixa, cada uma com as suas especificidades, criando terroirs diversos e por consequência vinhos diferentes. As diferenças de clima, com influencias Atlânticas e Mediterrâneas são importantes, mas é no tipo de solo que se marcam as maiores diferenças. Os solos argilo-calcários que se encontram na Rioja Alta e na Rioja Alavesa, proporcionam vinhos com um grau alcoólico menor, uma das principais características dos grandes Riojas, são por isso os solos mais disputados e os que fazem parte dos melhores terroirs da região. Tudo com o rio Ebro à vista.
Para esta primeira abordagem ao mundo do vinho da Rioja, na impossibilidade de percorrer toda a região, escolhemos a sub-região da Rioja Alta. Há cinco lugares, que elegemos como obrigatórios, para se descobrir os vinhos, a gastronomia, o património e as gentes desta região. Haro, a capital do vinho da Rioja, Briones, San Asensio, Elciego e Laguardia, já na parte Alavesa, província do País Basco, e Logrono para terminar. Todos eles lugares marcantes, pontos fundamentais da viagem, que serão abordados ao longo dos próximos artigos sobre o tema.
Mas Rioja Alta, para além de ser o nome da região, é também o nome de um produtor, algo que não é comum e que não deixa de causar alguma estranheza. Imaginem um produtor do Douro, chamar-se Douro.
Ao que me foi dito, esta situação prende-se com direitos que foram adquiridos há mais de cem anos e que, pelos vistos, assim se vão manter.
Apesar de não ser dos produtores mais conhecidos do famoso Bairro da Estação, em Haro, La Rioja Alta S.A., fundada em 1890 por cinco agricultores da região, é das casas mais antigas e tradicionais da Rioja. Neste momento, com 450 hectares de vinha, tudo de produção própria, tendo como castas dominantes a Tempranillo (Tinta Roriz / Aragonez), a mais importante da região, a Garnacha, a Mazuelo e a Graciano. Os métodos de produção tentam ser os mais tradicionais possíveis, apesar de já ser utilizada toda a tecnologia actual. As barricas de carvalho americano, a madeira que preferem para os seus vinhos, continuam a ser fabricadas pelos próprios e todos os vinhos se transfegam à mão em cada seis meses, sempre à luz da vela, como manda a tradição Riojana.
Actualmente a empresa possui mais três propriedades onde faz vinho. Ainda na Rioja, agora na parte Alavesa, a Torre de Oña. Em Ribera del Duero a Bodega Áster. E na Galiza, em Pontevedra, a Lagar de Cervera, de onde sai o único branco (Alvarinho) do portefólio.
Tive oportunidade de provar dois reservas de duas vinhas diferentes e o Alvarinho produzido na Galiza. O Lagar de Cervera Albarino 2012 (nota pessoal 15,5), tropical, bom para estar à piscina, mas muito longe do carácter e da acidez dos nosso Alvarinhos. O Viña Arana Reserva 2005 (nota pessoal 16+), com 95% de Tempranillo e 5% de Mazuelo, está muito bem. Um vinho com identidade Riojana. Fruta vermelha, couro, fumados, notas terrosas, na boca é pena o toque de baunilha, se bem que a acidez passa por cima disso e o final é de bom comprimento. Custa cerca de 12€. Por último, o Viña Ardanza Reserva 2004 (nota pessoal 17), com 80% de Tempranillo e 20% Garnacha, é o vinho que chega imediatamente a seguir ao segmento dos Gran Reserva (890 e 904). O vinho está ainda com uma pujança valente, pelo que não é fácil identificar como tendo quase dez anos. Fruta e barrica em bom diálogo, com uma acidez bem presente e equilibrada, para um Rioja que pretende ser clássico mas que pisca o olho a alguma modernidade. O preço ronda os 20€.
De referir que estes dois tintos tiveram estágio em barrica de carvalho americano durante 3 anos e mais 2 anos em garrafa antes de chegarem ao mercado.
No final da visita, que foi marcada antecipadamente e nos custou 8€, fomos convidados a levar o Viña Ardanza para a esplanada, onde o podíamos ter bebido todo, não fossem onze da manhã 🙂
La Rioja Alta S.A.
Avenida Vizcaya 8, Haro, La Rioja
[email protected]
+34 941 310 346