Há dias estive à conversa com o ilustre Hugo Mendes, na companhia dos meus colegas e amigos Enochatos, no âmbito do seu videocast Unfiltered (o episódio será publicado em breve) e às tantas, pelo meio de quase 3 horas de paleio, dizia que nunca como hoje Portugal teve tantos e tão bons projectos independentes na área do vinho. Tenho descoberto coisas verdadeiramente entusiasmantes, de diversos estilos e regiões, uns maiores outros menores, com ambições diferentes, mas todos com muita personalidade. É bom de ver que há sangue novo com ideias e vontade de fazer, que arregaça as mangas sem medo de falhar e que cada vez depende menos dos por vezes perros circuitos tradicionais.
Este Dona Niza chegou-me através de um amigo que também é amigo do produtor e foi mais uma boa supresa vinda do Algarve. Depois do Morgado do Quintão que também falei recentemente aqui, este é mais um exemplo que existem muitos e bons projectos mesmo fora das regiões mais afamadas. Este vinho nasce numa vinha de Crato Branco (a Síria da Beira e o Roupeiro do Alentejo) do Monte do Lobo, no Carvoeiro, concelho de Lagoa. É um vinho delicado e elegante, frutado sem excessos e muito fresco. Não tem uma grande complexidade nem profundidade, é mais pela leveza, mas é um vinho sério, sem aromas supérfluos e com uma boa acidez que o faz persistir pelo final de boca. Gostei deste Dona Niza Crato Branco. Acima de tudo pela sua honestidade. Pode encontrar-se em algumas garrafeiras a rondar os 10€.