Sou um grande apreciador de vinhos brancos e nessa condição tenho um conjunto de marcas que, ano após ano, faço questão de comprar umas garrafas para guardar e ter o prazer de ir apreciando a sua evolução. Uma dessas referências é o Quinta do Ameal Loureiro, um vinho da região dos Verdes, produzido por Pedro Araújo na bonita e secular Quinta do Ameal.
Na altura que Pedro Araujo decidiu produzir vinho na sua propriedade, nos idos finais de noventa do século passado, a casta Loureiro não tinha o estatuto que tem hoje e a aposta na dita foi sempre vista como um acto de coragem. Felizmente, para os aficcionados dos brancos, não só essa aposta deu frutos, ganhando Portugal mais uma referência de qualidade, como esta acabou por revelar vinhos com uma capacidade de envelhecimento excepcional. É essa longevidade, assegurada por um histórico consistente de colheitas, que hoje nos permite, sem qualquer receio, adquirir um vinho branco da região dos Verdes (a pouco mais de cinco euros), com o objectivo de o guardar em cave para o apreciar uns anos mais tarde.
Tenho por hábito, à semelhança do que acontece com a primeira década de vida dos tintos, passados cinco anos abrir os brancos que tenho em garrafeira para ver como estão a evoluir. Até ao momento os brancos de 2012, salvo uma ou outra excepção, têm dado muito boa conta de si, reforçando que aquele foi um bom ano, algo que o Ameal desta colheita acaba por confirmar.
Aromaticamente está um luxo. Com os citrinos a manterem presença e, juntamente com o fino fundo mineral, a conferirem uma frescura elegante ao nosso primeiro contacto com o copo. Na boca podemos perceber que o vinho ganhou algum volume com o tempo de garrafa, mas tudo pelo lado da delicadeza e elegância, o que juntamente com a acidez fina que mantem, sugere continuar a dar boa prova durante os próximos anos. A mineralidade está bem presente, originando um final de boca fresco, vibrante e de bom comprimento. Não atingiu ainda a complexidade nem o volume de boca que a idade traz aos brancos do Ameal, antes mantendo o estilo fresco e delicado, muito fino, de um vinho que ainda parece estar no seu processo de crescimento. Cultive-se portanto o sono de beleza das restantes garrafas que houver em cave.
A colheita de 2015, que foi excelente na região dos Verdes, ainda anda por aí, pelo que será de aproveitar a oportunidade de comprar umas garrafas para beber durante os próximos tempos, bem como guardar outras para nos alegrar um futuro distante.
Quinta do Ameal Loureiro 2012
Produzido pela Quinta do Ameal em Refoios do Lima, Ponte de Lima.
Enologia de Pedro Araujo
100% Loureiro
Sem estágio em barrica
11º de volume de álcool
Esta colheita de 2012 chegou ao mercado a um preço a rondar os 6,50€. A menos que ande perdida em alguma garrafeira, encontrá-la já não será tarefa fácil.
16,5 pontos