Espaço expositivo e centro de documentação com arquivo gastronómico, assim se define hoje a Casa de Odeleite. Na primeira metade do século passado era a casa mais rica da freguesia e desempenhava o papel de principal entreposto comercial da região. Adquirida em 1999 pela Câmara Municipal de Castro Marim, transformou-se com a entrada de Odeleite no “Programa de Revitalização das Aldeias do Algarve” num centro museológico onde se pretende dar a conhecer e promover, as histórias , as tradições e a cultura do interior raiano do concelho. Uma das vertentes desta Casa de Odeleite prende-se com o Arquivo Gastronómico, assente no saber das pessoas mais velhas, onde se pretende inventariar as tradições alimentares e preservar o receituário local. Há espaço também para a divulgação dos alimentos produzidos no concelho, alguns em venda no local, com a divulgação dos produtos e espécies que fazem parte das tradições gastronómicas das suas gentes. Depois de enquadrados com a riqueza histórica do lugar, chegámos à casa do forno, para conhecer a Dona Celísia Custódio e o seu pão. No âmbito da jornada de descoberta da Flor de Sal enfrentávamos agora o desafio de provar o pão regional de trigo, com e sem sal, amassado e cozido pela Dona Celísia. Apesar do aroma a pão quente nos inebriar e toldar os sentidos, facilmente se percebeu a diferença e a importância que o sal assume nesta equação. A expressão a que nos habituámos a ouvir dos nossos antepassados, “ser um pãozinho sem sal”, ganhava todo o sentido ao provarmos o que não levou sal. Antes da visita à Casa de Odeleite tivemos a oportunidade de conhecer os métodos de produção do queijo fresco de cabra da queijaria João Ribeiro na Foz de Odeleite. Do curral ao produto final, uma viagem pela tradição e pelos métodos artesanais na confecção deste queijo. Também aqui a flor de sal tem uma palavra muito efectiva a dizer. A complexidade das coisas simples.