2ª Mostra dos Vinhos do Tejo

Não é a primeira vez que falo aqui da minha ligação ao Ribatejo. Dois anos que passaram a correr, mas que foram suficientes para herdar uma costela – uma costelinha vá – que nesta altura do ano faz sempre questão de me lembrar que existe. É que durante esse período, um dos hábitos ribatejanos que saudavelmente adquiri é que Março é mês do Sável. E agora, passados largos anos continuo religiosamente a cumprir essa tradição.

Há dois locais que elegi como os meus santuários para o sável, o Voltar ao Cais em Alhandra, que vergonhosamente ainda não fiz um post sobre ele, e o Snack/Tasca/Cervejaria Os Putos em Vila Franca de Xira. Não existe critério para que em determinado ano seja um ou outro, é simplesmente a “telha” desse dia. Este ano o eleito foi Os Putos. Há três anos que não o visitava. Ganhou uma cara nova, Sport TV e tudo, passou de Tascão a Tasca, mas o “encanto” das travessas de alumínio mantém-se.

Nada a acrescentar ao que mostram as fotos. Sável de boa qualidade, bem fresco, à vista de todos, abrilhantado por uma açorda de ovas que teima, ano após ano, em querer ser a rainha da festa. Para desenjoar, umas enguias, também dentro do mesmo nível. Tudo comido à mão, com direito a chupar os dedos no fim. Um luxo portanto.

Ora, terminada a degustação de tão gourmet refeição,  apontei baterias a Santarém onde decorreu a 2ª Mostra dos Vinhos do Tejo.

Sociedade Agrícola de Areias Gordas, Lda. Este branco de 1999 já não se produz, “pode ser que se faça mais um dia…”. Actualmente os vinhos deste produtor no mercado, para além do Colheita Tardia da foto, são um branco de 2010 e um tinto de 2008, ambos vendidos em BiB de 5 litros à porta da adega por 6,10€.

Os vinhos de Quinta da Ribeirinha, jovens, directos e agradáveis. Curioso o Colheita Tardia menos doce que o habitual.
Queijos da Quinta – Queijaria Artesanal da Escola Superior Agrária de Santarém. Tão bons que me arrependi de trazer só um.
Curioso este Cabra D´Ouro, curado com urtigas. Diferente mas bom.
O projecto da Sociedade Agrícola João Barbosa com os seus Ninfa. Rótulos bonitos e apelativos.
A Quinta do Falcão devia ser o produtor com mais vinhos para prova. Estes Fonte Bela são a entrada de gama, direccionados para a mesa do dia-a-dia.

Na Casa do Campino, uma pequena mostra, com cerca de quinze produtores, onde alguns eram desconhecidos para mim. Pequenos produtores, com vinhos desconhecidos das massas, com produções muito pequenas, escoadas quase todas à porta da adega e para restaurantes da região. É um mundo do vinho diferente que também é (muito) interessante conhecer.

Pelo meio deste elenco mais “alternativo”, estava a Quinta da Alorna (com o seu muito recomendável Rosé). Mas a grande surpresa veio de um branco da Sociedade Agrícola de Areias Gordas, um vinho totalmente desconhecido para mim, de nome Terra Larga, com uma respeitosa idade. Gostei. Muito. O que faz um vinho destes “escondido” do mainstream? Não sei responder, mas sei que me convenceu ao ponto, de conseguir maneira de arranjar umas garrafinhas para a minha cave.

De resto, por entre várias coisas engraçadas, destaco o Colheita Tardia da mesma casa (garrafa de 0,75, a 17€ à porta da adega) e um tinto estreme de Alicante Bouschet feito pela Quinta dos Penegrais, de 2009 (sem foto), um vinho potente, rude mesmo, mas com muita personalidade, a pedir tempo de cave para amansar.

Para além das provas de vinho, também estiveram expostos outros produtos regionais como os queijos, os enchidos, os doces, etc, assim como um espaço para demonstrações culinárias a cargo dos alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Santarém.

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