Faz agora um ano, mais coisa menos coisa, que Pedro Lemos, o estrelado chefe do Porto, abriu o seu restaurante de sandes no centro da cidade Invicta. Desde que tive conhecimento deste novo projecto que fiquei com vontade de o conhecer – as recordações da cozinha de Pedro Lemos são as melhores – e agora num fim de semana que fiz a Norte foi a ocasião ideal. A localização não podia ser melhor. Muito central e próximo dos Clérigos e da histórica e fotogénica Livraria Lello. Se forem de carro, o que é uma burrice quando se trata do centro histórico do Porto, não vale a pena inventar e o melhor é utilizar o parque de estacionamento da Praça de Gomes Teixeira que fica ao cimo da rua. Ao entrar encontramos um lugar pequeno, a média luz, de decoração simples e parca, onde o foco da nossa atenção acaba por recair nos bonitos candeeiros vintage que dão cor ao espaço e a um curioso mural feito com miniaturas de animais dourados. Apesar da diminuta dimensão da sala o espaço é acolhedor e confortável e ao fim de poucos minutos já estamos perfeitamente ambientados. A cozinha é aberta para a sala e neste dia de semana ao almoço estava às mãos de dois cozinheiros da equipa de Pedro Lemos. Fomos recebidos por gente simpática e bem disposta e depois de sentados atirámo-nos à carta. Que continha 9 sandes, 3 versões de batata frita, saladas, sobremesas e uma curta carta de vinhos, que acabou por ser uma bela surpresa. Pedimos duas batatas, as Stash, com alecrim e alho, e as Clássicas, acompanhadas pelo ketchup e a maionese para usar a gosto. Fininhas, estaladiças, muito saborosas. O toque do alecrim frito nas Stash é a cereja no topo do bolo. Muito bom. Sandes de Porco Ibérico com Pickles de Curgete e Maionese de Alcaparras. Bom pão, carne a desfazer-se na boca e o pickle a equilibrar o lado gordo da bucha. Muito boa. Difícil é comer só uma. Cada sandes tem (propositadamente) no máximo três elementos, o que é um bom principio, não dando aso a divagações exageradas. E o luxo que é, numa casa deste estilo, ter à disposição uma selecção curta mas criteriosa de vinho a copo? E quando essa selecção recai sobre os excelentes vinhos bairradinos da Quinta das Bágeiras? Pois é, só isso já era suficiente para nos deixar animados, mas no Stash vai-se mais longe. A garrafa vem à mesa, o vinho é dado a provar e é servido num bom copo e à temperatura certa. A juntar a isso tudo os preços são do mais honesto que tenho apanhado. 2€ por um copo de Bágeiras Colheita (9€ a garrafa) e 2,5€ por um Espumante Bágeiras (12€ a garrafa). Um serviço de vinhos, de qualidade, que deixa a corar de vergonha muitas casas com outras pretensões. Neste dia a Sandes de Atum dos Açores tinha sido substituída pela de Bife de Espadarte que acabou por ser a nossa escolha. O peixe vem no ponto e acompanhado por uma versão de molho guacamole, que lhe dava um equilibrado travo ácido e picante que fazia toda a diferença. Também muito boa. Tenho apanhado alguns barretes com estes conceitos descontraídos e democráticos encetados por alguns chefes mediáticos da nossa praça. Por isso quando decidi ir ao Stash levava as expectativas moderadas e ia preparado para tudo. Para tudo menos para o que encontrei. Sandes de autor realmente boas e sem truques desnecessários, gente competente e feliz com aquilo que está a fazer, o que acaba por se reflectir na qualidade do serviço, preços inteligentes e realistas e, um serviço de vinhos de muito boa qualidade. Fiquei cliente e com vontade de voltar para provar as restantes buchas. Na companhia do Bágeiras, claro. Saídos do esconderijo (stash) fomos brindados com uma tarde de sol que nos convidou a um passeio por entre o charme que só o Porto – que está mais bonito que nunca – sabe ter. Stash – The Sandwich Room Praça Guilherme Gomes Fernandes 60, Porto Tel: 914 567 616 Email: [email protected] Fecha às Segundas Preço médio: 10€