Destas talhas eu gosto.
Lote de Perrum, Antão vaz, Rabo de Ovelha e Mateúdo, fermentado nas tradicionais talhas de barro do Alentejo e vinificado com leveduras indígenas, sem controlo de temperatura nem correcção. Depois estagiou três meses em garrafa antes de nos ser servido. Toda esta lenga lenga eno-chata seria em vão não fosse o vinho um belo moderno exemplo dos ancestrais métodos de produzir vinhos de talha na região.
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Carregado na cor. Nariz desconcertante, pelo lado positivo. Ligeira oxidação, contenção aromática, alguns citrinos, notas resinosas, provavelmente do contacto com o barro (atira este artista à sorte) e leve vegetal. A boca continua no mesmo tom surpreendente, leve, fresca, simples, em final salino e com tanto carácter. Adorei. Pela ousadia de um vinho delicioso e tão pouco consensual.