Raúl Pérez é um dos grandes nomes do vinho espanhol da actualidade. Nos últimos anos, os vinhos deste conceituado enólogo espanhol têm sido muito aclamados pela crítica internacional e por conseguinte passaram a ser ainda mais procurados. Raúl Pérez nasceu em 1972 em Valtuille de Abajo, na região do Bierzo e começou a trabalhar na adega da família, Castro Ventosa, em 1993. O seu trabalho contribuiu activamente para a chamada revolução do Bierzo, que colocou os vinhos desta provincia do norte de Espanha nas bocas do mundo. Foi precisamente em Castro Ventosa que ajudou Ricardo Palacios a fazer os primeiros vinhos do projecto Descendientes de J. Palacios em 1999 e onde começou por fazer algumas das suas referências mais famosas como o Valtuille Cepas Centenárias. Depois desta fase, paulatinamente, Raúl Pérez começou a produzir vinhos em várias regiões de Espanha, muitos com a colaboração de enólogos e produtores amigos com quem se identificava e nem Portugal ficou fora dos seus horizontes. Aplaudido pela crítica e reconhecido pelos seus pares como um enólogo que gosta de arriscar, de quebrar regras e procurar novos caminhos, Raúl Pérez é um purista e descobridor, que não resiste a vinificar uma pequena vinha velha que encontre pelo caminho. Muitos dos seus vinhos são de pequenas produções, alguns com castas autóctones recuperadas e outros a partir de vinhas muito velhas, que por vezes resultam em experiências que nem chegam a ver a luz do dia. É este espírito irrequieto e experimentalista que, 30 anos depois, faz dele um nome respeitado do mundo do vinho e alguém que continua a produzir alguns dos melhores vinhos espanhóis.
Penso que não é novidade que sou um grande fan deste La del Vivo que Raúl Pérez produz no Bierzo.
Depois da excelente colheita de 2018, a expectativa para 2019 era grande. O lote de Godello e Dona Blanca foi vinificado da mesma forma, mas algumas barricas usadas de 500 litros foram trocadas por um grande foudre de 2500 litros (talvez já com a influência da nova adega que Raúl Pérez construiu), mantendo-se a restante parte do lote, que passa por ânforas, com as peles e onde ganha alguma flor. Menos contido e austero que o 2018, o que poderá agradar a uns e desagradar a outros, este 2019 mostra-se muito limpo e afinado, com um lado frutado bem presente e um pequeno toque de barrica que complementa muito bem o aroma. A boca é um assombro de presença e frescura, num conjunto complexo, de travo mineral e citrico e com um final muito saboroso e persistente. Poderá haver colheitas melhor que outras, mas este La Del Vivo é sempre um vinho superlativo. Um grande branco do Bierzo e um exemplo de que os vinhos não se medem pelos preços.
Foram engarrafadas cerca de 4000 garrafas e o vinho pode ser encontrado em diversas lojas online a um preço a rondar os 20€.