Continuo a minha descoberta pelos vinhos de talha do Alentejo. Existem vários estilos de vinho de talha, de vários preços e para diversos gostos, depende do tipo de vinificação e do tipo de talhas utilizado. As talhas mais tradicionais, que são as mais antigas, conferem um carácter mais marcado aos vinhos. As outras, mais modernas, algumas com revestimentos que acabam por retirar alguma desta expressão regional, acabam por originar vinhos mais fáceis de beber, que não sendo tão típicos poderão ter um papel importante para trazer novos consumidores a este estilo de vinho.
Este Amphora Branco da Herdade Grande, produtor da Vidigueira que comemora este ano o seu centenário (é obra!), foi uma excelente surpresa. Um vinho que não conhecia, que bebi pela primeira vez e que me conquistou de imediato. É um lote de Antão Vaz (60%), Perrum e Roupeiro, vinificado de forma tradiconal, com fermentação em talha, curtimenta e leveduras indígenas. O resultado final é uma delícia. Mas atenção, não é um vinho fácil, principalmente para quem não está familiarizado com os vinhos de talha. Carregado na cor, em tons dourados, aroma contido mas com complexidade, com fruta madura, frutos secos e algumas notas resinosas. Na boca tem um ataque frutado, com um toque salino, num estilo muito próprio e com muito carácter. Tem estrutura, à boa maneira do Alentejo, é rico, com ligeiro tanino e um final fresco e de boa persistência. Pede gastronomia alentejana no prato, como por exemplo umas Migas de Bacalhau com Poejos. São apenas 1600 garrafas e podem encontrar-se em garrafeiras especializadas ou na loja do produtor por um preço a rondar os 20€.