Os tempos das romarias à Avenida da República, para comer os famosos hamburgueres do primeiro Mc Donalds cá do burgo já lá vão e hoje a realidade da oferta na cidade de Lisboa é muito diferente. Os hamburgueres estão mais na moda que nunca, deixaram de ser fast food e passaram a ser quase peças de joalharia, com a larga maioria dos Chefs a fazerem questão de ter a sua própria abordagem ao tema. Seguindo a tendência, o Chef Henrique Sá Pessoa abriu recentemente o seu novo espaço chamado Cais da Pedra, onde a oferta se foca nos hambúrgueres e num bar de cocktails em modo after-dinner.
Num dia de semana, em que a ideia inicial era almoçar por Campo de Ourique, o destino trocou-nos as voltas e acabámos em Santa Apolónia. Segue-se o relato.
No final dos anos noventa, o Cais da Pedra, em Santa Apolónia, com a abertura primeiro da discoteca Lux, depois com o Bica do Sapato, a Casanova e a Deli Delux, tornou-se rapidamente no local mais trendy da cidade. Hoje, passados quase quinze anos, a cidade mudou radicalmente, com o renascer de outros locais da moda, mas na verdade aquele espaço à beira-rio nunca deixou de ser uma grande referência na capital. A partir de agora conta com mais uma opção de peso.
Chegados à porta, sem reserva, entrámos…
A sala (ainda) estava vazia e tivemos a possibilidade de escolher a mesa. Por momentos equacionámos a esplanada, mas sem chapéus e com o sol forte que estava, optámos pelo interior. O lugar tem um ar moderno, num estilo industrial, a sala é ampla e tem um pé direito muito alto o que torna o espaço um pouco frio, algo que as mesas despidas, umas em mármore, outras em madeira, acabam por reforçar. Os grandes (e bonitos) espelhos na parede em frente à cozinha, que é à vista, também ajudam a criar a sensação de profundidade, num espaço que já tem amplitude qb. A esplanada também não sugere grande conforto, apesar do azul do rio ali ao lado e de termos tido a sorte de não nos depararmos com um gigante cruzeiro a fazer de fundo. Os chapéus de sol, quando chegarem, deverão compor o conjunto e transmitir maior conforto, que também deverá contagiar a sala interior. Muito bonito mesmo, é o hall de entrada, com um vistoso painel lateral cheio de garrafas que transmite modernidade e dá um toque de design ao espaço. Bonitos também são os quadriculados guardanapos de pano, que nos remetem para a casa da avó e dão alguma personalidade ao lugar.
Passemos aos comes. Carta curta, como se justifica neste conceito, dividida basicamente em saladas e hamburgueres. Existe, em alternativa, um bife à portuguesa e uma opção para os mais novos.
Chega o couvert (1,80€) com pão (muito bom), azeitonas kalamata (muito boas), azeite pingado com balsâmico (também bom) e um croquete quente acabado de fritar (delicioso, muito bem apaladado, pena não estar seco e crocante). Pelo preço, o couvert impressiona pela positiva.
Para continuar pediram-se hamburgueres. Com o pedido somos convidados a solicitar o ponto pretendido para a carne. Para mim o de bacon com ovo (12€). O hambúrguer mostra bom porte. A carne sem ser uma especialidade, é boa e não está excessivamente picada, o que me agrada particularmente. Todo o acompanhamento é de bom nível, apesar do bacon ter sal em demasia para o meu gosto. Acompanham batatas fritas cortadas grosseiramente com casca. O aspecto não é por aí além, mas estavam secas, crocantes e saborosas. Gostei. Má mesmo era a maionese. No geral, um hambúrguer bem conseguido, que mereceu nota positiva.
Nos vinhos, a carta não é extensa mas tem boas opções de escolha e algumas a copo. Pena mesmo são os preços, caros e desajustados para a realidade. Lembremo-nos que não estamos num fine dining, é de uma hamburgueria que se trata. Como não estávamos virados para os tintos, aí provavelmente a escolha teria recaído no Quinta das Carrfouchas 2008 (11€), das poucas referências a preço aceitável, optou-se pelo rosé de moscatel roxo da José Maria da Fonseca (18€), outra referência a preço sensato, mas para nosso azar não havia. Outra possibilidade na carta seria o Soalheiro 2012 (21€), mas pelo preço deixou de ser opção. Em alternativa bebeu-se Coca-Cola (2,50€), que marida sempre bem com um hamburguer (Mc Donald’s dixit 🙂
Ultima palavra para o serviço, que foi simpático e solicito, por isso adequado para o local.
Em jeito de conclusão. Apesar de haver ainda alguns detalhes a afinar, o que é natural para uma casa que tem menos de um mês, a oferta deste Cais da Pedra parece estar à altura do nome do seu proprietário. Já os preços praticados levantam algumas reservas, pelo menos a partir do momento que o hype da novidade se esvanecer. Por enquanto é mais um local para desfrutar na Lisboa Ribeirinha, feito à medida para o verão que se aproxima e que merece a nossa visita.
Restaurante Cais da Pedra
Av Infante Dom Henrique, Cais da Pedra, Loja 9, Lisboa
Tel: 218871651
Preço médio: 17€