Mais uma história romântica do mundo do vinho, esta a culminar numa encantadora adega urbana em pleno bairro de Belém.
A Catarina e o David, ela bióloga e ele antropólogo, conheceram-se num churrasco, apaixonaram-se e embarcaram nesta aventura da Adega Belém. Uma antiga oficina de automóveis deu lugar a esta inusitada adega, entricheirada numa travessa da turística Belém, lado a lado com os edifícios residenciais que compõem aquele bairro histórico de Lisboa. O espaço é encantador, com a loja e sala de provas a darem as boas vindas aos visitantes, seguindo-se depois para a parte técnica onde convivem depósitos de inox, talhas e barricas, terminando-se na garrafeira, que também é uma sala de provas, esta num registo mais intimista.
Ao chegarmos somos recebidos pela simpatia da Catarina e do David, que nos convidam de imediato a conhecer os cantos à casa, enquanto nos contam a sua história e como criaram este projecto. São produzidos nesta adega vinhos tintos, brancos, rosés e espumantes, com castas autóctones provenientes das regiões de Setúbal e Lisboa. Com vinificações em pequenos lotes, adoptam uma filosofia de baixa intervenção, com fermentações espontâneas, procurando que os vinhos reflictam o mais possível as características de cada ano agrícola e os lugares da sua proveniência.
Para uma primeira aproximação aos vinhos da Adega Belém comprei duas referências, o Branco da Casa (7,5€) e o Rabo da Rainha Branco (12€). O primeiro vem de Setúbal e é um lote de várias castas onde a Moscatel é maioritária. Infelizmente esta garrafa tinha rolha, não sendo por isso possível ter uma opinião sobre o vinho, mas segundo o produtor é um vinho leve, com boa acidez, para acompanhar pratos leves, pores do sol e encontros de amigos. O segundo vem da região de Lisboa, com uvas de Alenquer, sendo também um lote mas com a Arinto como casta maioritaria. É um vinho com boa presença, fresco, sem um lado frutado exagerado, conseguindo um bom equilibrio entre fruta, estrutura e acidez. Fico com a sensação que também tem moscatel no lote, apesar de não estar demasiado marcado pela casta. É um bom vinho, apto para a mesa, que vai bem com pratos de peixe mais elaborados.
Se andarem pela zona não percam a oportunidade de conhecer este projecto muito especial. Fiquei com vontade de voltar e, se a pandemia permitir, conhecer os tintos in loco na agradável sala de provas.