Jojo´s Roma´s Guide II


Acordo tarde, já não me é permitido tomar o pequeno-almoço no Hotel. Saio para a rua, está um calor sufocante, cruzo-me com um chafariz – há centenas pela cidade e a água está sempre fresca – tenho pena de não ter uma garrafa comigo, mais tarde iria comprar uma que me acompanharia durante toda a minha estada. Sei que o 1º dia é sempre complicado numa cidade estranha, há que perceber as pessoas e seus hábitos, localizar os lugares que queremos visitar, entrar no ritmo e esta cidade tem muito “ritmo”, costumo dizer que o 1º dia é para nos ambientarmos á Cidade, tento ambientar-me, tomo o caminho da estação de metro mais próxima, “Manzoni”, ao chegar verifico que está fechada para obras, dirijo-me para a próxima, “Vittorio Emanuel”, pelo meio tenho de comer qualquer coisa e comprar água (não vendiam só a garrafa), olho á minha volta e vejo um café com o nome “Roma-Lazio”, entro de imediato, nas paredes fotos dos Derbys e recortes a falar sobre o Café em várias publicações, os Croissants são excelentes. Chegados ao Metro, compramos um bilhete combinado de 3 dias (Metro e Autocarros) fica por 11€. O 1º destino é o Vaticano, a velha história de ir a Roma e não ver o Papa, para mais aconselharam-me o Museu, de qualquer forma a Ana também não me deixaria passar por aqui, sem visitar o Vaticano, por isso… decidimos no 1º dia “despachar” o Vaticano e o Coliseu, para termos os outros dias livres para o resto.
Entrada com revista rigorosa, aliás, a revista mais rigorosa que já me fizeram, incluindo Estádios de Futebol. Sobre o Museu, ou melhor os Museus, porque são vários, daí se chamarem “Museus Vaticanos”, onde se passa perfeitamente um dia inteiro (sem esforço) para ver tudo (estive lá 3 horas, devo ter visto metade), posso dizer que é absolutamente espantoso (só imprescindível, para quem gosta realmente de arte), obras de arte e tesouros da nossa civilização reunidos ao longo dos séculos – lembro-me das aventuras de Indiana Jones – enorme riqueza, bustos, estátuas, pinturas e mais pinturas, tectos de arrepiar e muito mais, só visto… “O Museu” tem vários itinerários possíveis, escolho um deles, passo por policias despreocupados, quase todas as salas tem um, espanto-me com um policia recostado numa cadeira e com as pernas em cima de outra, posição pouco ortodoxa para um policia, ainda para mais de serviço, ainda para mais no Vaticano, penso e avanço… Um dos locais que mais me impressionou foi a “Galeria dos Mapas”, decorada com frescos que representam mapas de regiões italianas, um trabalho de uma perfeição incrível, é difícil ficar indiferente… finalmente a “jóia da coroa” , a Capela Sistina, símbolo maior do Renascimento e que ilustra a grandeza artística da época, para os mais esquecidos relembro que é aqui que se reúne o conclave que escolhe os novos Papas, nessas ocasiões o mundo apenas tem olhos para a sua chaminé, onde irá sair o fumo branco que anuncia a nomeação do novo Papa. A Capela tem também uma história curiosa, que fiquei a saber aquando desta visita, em finais do século XV, os mais brilhantes artistas da época do Renascimento foram chamados a Roma para embelezar as suas paredes, mas o seu trabalho foi ofuscado por um homem, que não se considerava pintor, Miguel Ângelo. Alguns desses artistas, invejosos da crescente reputação deste, instigaram o Papa da altura (já não me lembro o nome) a convida-lo para fazer a ilustração da Cúpula esperando que ele fracassasse no seu trabalho. Todos se espantaram com a qualidade do trabalho de Miguel Ângelo, que anos mais tarde voltaria a ser convidado para desta vez pintar o Altar. Outra coisa que achei curioso é que os frescos ilustram diversos episódios da história da humanidade, como por exemplo, alguns episódios da vida de Cristo.
De seguida, vinha a Pç. De São Pedro e respectiva Basílica. Chego á Praça, está repleta de turistas, um nipónico passa por mim com a camisola da “Portuguesa”, sento-me e observo, as pessoas e o espaço, a Ana desde logo quer avançar para o interior da Basílica… Entrada livre para a Basílica, subida a Cúpula, 8€, fico-me pela Basílica, detectores de metais á entrada, revista menos “apertada” que nos Museus, no entanto, ombros descobertos e calções curtos não entram. Entramos…

O espaço é enorme, penso que é a maior Igreja que já entrei, olho para a Ana e espero uma reacção, ela é grande apreciadora de Igrejas e Arte Sacra, daí a minha expectativa para ver a sua reacção sobre aquele lugar tão especial. Diz-me que é lindo, mas não me parece muito entusiasmada, avança devagar e continua a apreciar, eu paro bem no centro da cúpula e olho para cima, aquele ambiente faz-me lembrar “O código Da Vinci”, de repente começam a tocar os sinos, olho para a Ana, ela responde-me “vai começar a Missa, queres assistir?”, reparo que a pergunta dela tem entre parêntesis “eu gostava de assistir, se não te importasses…”. Acedo sem resmungar, afinal de contas quantas mais vezes na minha vida terei possibilidade de assistir a uma Missa na Basílica de São Pedro em pleno Vaticano? Em toda a minha vida não devo ter assistido a mais de 20 missas, contando já com Casamentos, Baptizados e Funerais, mas aqui confesso que sinto um simbolismo qualquer especial que me entusiasma, penso que para um Católico praticante estar ali a assistir uma Missa deve representar o mesmo que eu estar em San Siro a ver um Derby, logo… comparo as emoções e entendo a Ana perfeitamente.
A meio da Missa adormeço – ou passo pelas brasas, como preferirem – a Ana apercebe-se e acorda-me. De repente todas as pessoas começam a beijar-se!!! Á minha frente está uma jovem loura. Gosto desta parte. A Ana explica-me que é uma saudação que visa estabelecer a comunhão de fé entre os presentes, um género de, “Somos todos do Benfica e acreditamos que ele vai ser Campeão”, não sei se me estou a fazer entender.
A tarde caminha para o fim, doem-me as pernas, o calor não ajuda, chegou a hora de “arrancar” para o Coliseu. Desta vez vamos de ATAC (a Carris cá do sítio). Vêm cheios, á pinha, não têm ar condicionado, nem são modernos como os nossos, estão vandalizados e cobertos de Grafittis, perante aquela imagem penso que estou numa cidade do Leste ou qualquer coisa do género, mas não, estou em Roma, uma das mais importantes Capitais da Comunidade Europeia, o calor é insuportável, perigoso para a saúde mesmo, pois respirar ali não é fácil, penso nos “desgraçados” que o têm de utilizar todos os dias.
Pelo caminho, nas paredes, as inscrições de “Campioni del Mondo” sucedem-se, de “Lazio Merda” também.
Chegamos ao Coliseu com o Sol já no seu trajecto final, a cor alaranjada que este lhe confere, torna-o numa visão espectacular, bonito sem dúvida.

São quase 20 horas, já não deixam entrar ninguém, terá de ficar para amanhã a viagem ao seu interior, contentamo-nos com a visita ao Arco de Tito, monumento que comemora a tomada de Jerusalém pelo Imperador Tito, que fica bem ao lado do Coliseu.
Depois dum banho retemperador e de um pouco de repouso, sinto-me fresco (no sentido figurado, porque é impossível alguém se sentir fresco com esta brasa) para enfrentar a noite Romana. O trânsito já acalmou, atravessar uma passadeira torna-se agora uma tarefa mais fácil, mas atenção a partir de uma determinada hora a sinalização de trânsito deixa de ser respeitada, tenham isso em conta.
O local escolhido para a noite foi o bairro de “Trastevere”, no outro lado do Tevere (rio que banha Roma, em Português, Tibre) um bairro cheio de bares e restaurantes em ruas labirínticas (qual BA) onde as velhas casas estão a ser substituídas por modernos apartamentos, actualmente uma das zonas mais populares entre os noctívagos romanos.
Comi numa autêntica “Trattoria”, para muitos a melhor de Roma, comida deliciosa e doses grandes é o que encontram na “Alle Fratte de Trastevere”, o pessoal é simpático (sempre a meterem-se com as turistas que passam) e a decoração é alegre, aconselho a esplanada se houver mesas. O final da noite é passado num dos muitos bares que povoam o bairro.

Para os interessados e curiosos:

Museus Vaticanos e Capela Sistina – 11€
Roma Lazio Snack-bar – Via le Manzoni, 35
Alle Fratte de Trastevere – Via Delle Fratte de Trastevere, 49 – preço médio 20€/pessoa

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