48 Horas em Zurique

Antes de tudo, uma visita ao St. Jakob-Park,  para despachar em grande estilo uns Suiços que por lá andavam.

A incrível loja da Freitag em Zurich. Já tinha falado nela aqui, mas continua incontornável numa visita à cidade. Uma pilha de contentores com um miradouro no topo. O culto das malas de lona de camião criadas pelos irmãos Freitag é hoje universal.
Niepoort na feira de vinhos do Coop.

Ainda no Coop, o “cantinho” da Slow Food Suiça na secção de produtos biológicos.

A impressionante garrafeira do Globus na baixa de Zurich. O equivalente ao nosso El Corte Inglés, mas em versão luxo. Um perigo para as nossas magras bolsas.


Spaghetti com Lavagante e Alcachofras, na cozinha do Hummer – Austernbar. O restaurante gastronómico do Hotel St Gothard comemora este ano o seu 75º aniversário, e para o efeito o Chef Filipe Alloin convidou um conjunto de Chefs para virem à sua cozinha apresentar os seus menus. Entre os presentes, destaque para o duas estrelas Michelin Jean-Louis Nomicos que trouxe os pratos do seu recente Les Tablettes.

O nova coqueluche da cidade é o Espaço Viadukt que nasceu por baixo do secular viaduto de Zurich. Foi aproveitado por designers e lojistas para rapidamente se tornou no lugar mais trendy da cidade. Lojas, restaurantes, bares, e um enorme e encantador mercado biológico. É possível adquirir os produtos no mercado, ou prová-los nas ementas dos restaurantes residentes. A atmosfera do Viadukt era algo que faltava à cidade.

Tudo artesanal. Impressionante não?

As cervejas BFM da região Suiça do Jura. Só pelos rótulos apetece provar todas.

Muitos frutos e legumes biológicos, que a moda também chegou a estes lados. Tendo em conta a moeda, os preços nem são muito caros (12€ o Kg de Tomate Cherry).

Whisky Suiço, produzido pela casa Kaesers Schloss na região de Aargau. Este produtor também produz vinho, queijo, e vários produtos hortícolas, tudo de agricultura biológica. Têm um restaurante na quinta, onde os clientes podem degustar receitas com os seus produtos. Um projecto muito interessante que fica na agenda para uma futura visita.

Pena as fotos ainda não terem cheiro.

O paraíso é isto não é?

A encosta da propriedade Schipf com as suas vinhas viradas a sul para o lago Zurich. Esta propriedade é desde o final do século XVIII pertença da família Meyenburg, que hoje possui cerca de cinco hectares de vinha plantada, com as castas Pinot Noir, Pinot Blanc, Riesling-Sylvanner, Gewurztraminer, Garanoir, Freisamer, Chardonnay e a curiosa Rauschling que os locais reclamam como actualmente exclusiva da região de Zurich.
O proprietário Kaspar Von Meyenburg, que no inicio dos anos 90 assumiu a responsabilidade do negócio que está na família há doze gerações, hoje é o rosto dos vinhos Schipf, e foi ele que nos acompanhou nesta visita. Um ex professor de microbiologia alimentar que por herança de seu pai, se apaixonou pelo mundo dos vinhos e que hoje nos transmite a paixão com que os faz.

Aqui não há modernas adegas de design, nem grandes salas de prova, há acima de tudo tradição. E muito rigor, para se conseguir a consistência que habituaram os seus clientes. É notória essa preocupação na escolhas das barricas. O Pinot Noir é estagiado em barricas de carvalho Francês de grandes dimensões.

Provou-se muita coisa. Desde os mostos mais recentes, brancos e tintos, até algumas coisas com mais idade, que mostraram a boa capacidade de envelhecimento destes vinhos. Os tintos são vinhos de perfil mais clássico, e os Pinot Noir, a piscar o olho aos Borgonha, foram os meus favoritos. Nos brancos nota-se alguma modernidade, gostei especialmente dos Riesling, que é o vinho mais reconhecido da casa com várias medalhas de ouro e do Pinot Blanc que não resisti a trazer comigo.

Não são vinhos muito fáceis de encontrar, mesmo na Suiça. São vendidos na sua grande maioria na loja da adega, e para restaurantes e garrafeiras de Zurich. Perguntei ao Sr Kaspar, se alguma vez tinha pensado na exportação dos seus vinhos, e ele disse-me que isso está fora de questão devido aos altos preços de produção que têm na Suíça. Um problema que os faz perder mercado para os vizinhos franceses e alemães que conseguem colocar os seus vinhos no mercado suíço a preços mais competitivos.
Apesar do dia chuvoso ainda houve vontade para visitar as vinhas. Ao fundo o Lago Zurich, onde em tempos foi uma zona de grande produção vinícola, mas que tem vindo gradualmente a perder produtores.

No final da visita, e depois de termos feito as compras da praxe na loja da quinta, o Sr Kaspar contava-nos a história das casas senhoriais da propriedade e do trabalho de paixão que foi reabilitá-las, mantendo a traça e os materiais originais. Foi uma visita muito enriquecedora, a um pequeno produtor que não quer ser mais que isso, reconhecido pelos seus vinhos, sem nunca abrir mão da sua tradição de os fazer. Para visitas contactar, Kaspar Von Meyenburg, Weingut Schipf, Seestrasse 1, 8704 Herrliberg – Zurich. Tel. 044 915 3461.

Paio entremado de porco alentejano. Este não o encontrei à venda, fiz questão de o trazer de Portugal, como representante dos produtos de excelência que temos. Foi companheiro muito gabado num jantar caseiro de despedida…

…regado a Pinot Noir.

E porque há quem defenda que só existem momentos memoráveis à mesa com a presença de um grande queijo, houve quem trouxesse esta pérola. Um genuíno Vacherin Mont-D´or, ao qual foi delicadamente feito um pequeno furo onde foi vertida uma pequena porção de pinot blanc antes de repousar em forno quente durante 15 minutos. Vai ao forno na própria caixa de madeira, que tem no seu interior um aro de pinheiro que transmite um sabor único e delicioso ao queijo. Depois abre-se a totalidade da tampa e come-se como fondue, ou como cobertura de umas batatas assadas no forno. Uma dádiva gastronómica que selou da melhor forma estas 48 horas em solo Helvético.
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