Summer Wine Market 2012 (Lisboa)



Na altura a actividade do projecto Adegga ainda passava totalmente ao lado da comunidade vínica nacional, já para não falar da imprensa especializada ou generalista. Os blogs sobre o tema também não era tantos como agora, afinal o vinho e a gastronomia ainda não estavam tanto na moda. Mesmo assim confesso que ainda hoje sinto um orgulhosinho por ter sido dos poucos bloggers nacionais (o único?) a ter dado destaque – muito tosco, aproveite-se a deixa para o dizer – sobre o primeiro Wine Market


Numa altura que o Adegga atinge o reconhecimento nacional e internacional, serve esta introdução para justificar o especial carinho que tenho por este projecto que sigo desde o início e a falta de isenção quando falo sobre o mesmo. 

Decorreu no passado sábado e foi uma extensão natural dos seus irmãos de inverno. O sucesso que estes atingiram justificavam totalmente uma edição de verão,  como o nome indica e as vontades da estação exigem, mais fresca e dominada pelos brancos e rosés. 
Relembro que não é conceito virgem, os Goliardos já tinham criado algo do género com o seu Vinho ao Vivo, mas acabam por ser flagrantes as diferenças dos dois eventos muito por responsabilidade do código genético do Adegga.

Confesso que desta vez, por todo o hype gerado, de blogs a revistas, de jornais ao boca a boca, temi que a coisa fosse acabar em encontrões com o vinho, apanágio de outros eventos do género, mas afinal, não só foram receios infundados, como se revelou o melhor Wine Market de sempre.

O local escolhido para esta primeira edição de verão foi o Hotel Florida ao Marquês de Pombal e não podia ter havido uma melhor escolha. O estilo entre o kitsch e o retro, a grande varanda com vista panorâmica sobre o Marquês e o Parque Eduardo VII, o pátio interior, os diversos apontamentos deliciosos, como o piano, ou a decoração dos elevadores, ou ainda as peças antigas do pequeno museu, criaram um ambiente mais pessoal e intimista que o habitual neste tipo de ocasiões, chegando a haver momentos que parecia termos sido convidados para a casa de alguém. 

Também o naipe de produtores e respectivos vinhos foram dos melhores de sempre. De consagrados a ilustres desconhecidos, houve acima de tudo muitos e bons vinhos. Provou-se muita coisa e reteve-se duas conclusões,  a evidente qualidade crescente dos nossos vinhos brancos, característica transversal a todas as regiões e… a fraca aposta nos rosés. Coincidência, ou a estratégia dos produtores deixou de passar por este tipo de vinho?


Junte-se a isto um copo irrepreensível, um sushi spot (a novidade, porque há sempre uma) que cumpriu à letra o papel de confortar estômagos e desafiar pecadores para a harmonização desta iguaria com alguns dos vinhos em prova, e os magnificos sofás do patio interior onde nos perdiamos à conversa com pessoas que gostamos e às vezes só encontramos nestas ocasiões, e temos definitivamente um evento que é um privilégio para qualquer winelover.  

A noite terminou um andar a baixo, na companhia de boa gente, a matar saudades dos hambúrgueres do Great American Disaster. 


Deixo as fotos de alguns dos vinhos que me marcaram durante a prova, por uma ou outra razão. Faltam na lista dois, que o fotógrafo estava a dormir. O novo Sauvignon Blanc de Cortes de Cima, feito a partir de vinhas a 3km do mar em Vila Nova de Milfontes e o também novo Touriga Franca da Herdade do Portocarro, assim como os restantes, estes são vinhos a não perder de vista.

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5 Comments

  1. Obrigado Jorge! São posts bons como este me permitem ver o Summer Wine Market pelos olhos de quem vai ao evento e dá atenção a tudo o que foi pensado. Obrigado pela presença e pelo apoio (desde o início)! Um abraço.

  2. says: Nuno Vieira

    Eu, que nunca tinha ido, fiquei fã. As edições de inverno calharam sempre quando eu estava fora de Portugal, mas tinha ouvido falar muito bem do ambiente mais descontraido do evento.

    Em termos de vinhos, destaco o Quinta de SanJoanne Superior Branco 2005 e junto-me a ti no destaque ao Herdade do Portocarro Partage Touriga Franca. Infelizmente não provei o Sauvignon Blanc da Cortes de Cima.

    O hambúrger no final veio mesmo a calhar!

  3. says: Rita B. Maia

    Jorge: Gostei muito do teu texto e todos nós gostámos muito de te conhecer. O Touriga Franca do Portocarro foi, sem dúvida, um dos campeões da noite. Keep up the good work!

  4. says: Jorge Nunes

    André, nós é que temos de agradecer, os que gostam do vinho. Como digo no post, é um privilégio para quem gosta de vinho poder participar num evento deste género.

    Nuno e Rita, é um prazer ver-vos aqui pelo pasquim 🙂

  5. Eu sou honesto e embora tivesse conhecimento como é lógico da Adegga, não conhecia nem tinha ido aos eventos – e foi a primeira vez que fui.

    Adorei, estava bem organizado, foi bom falar com muitos produtores directamente e o tamanho do SWM permite interacções longas com produtores e interessados, ao contrario do EVS que ou já conhecemos de antemão os produtores, ou então têm de dividir a atenção entre 239084239084290 convidados por segundo.

    Os meus parabéns pela organização, foi efectivamente um prazer ter ido e mais ainda ler este teu texto aqui no teu cantinho – muito bem escrito, uma boa reportagem e fica-se com uma excelente ideia do que aconteceu para motivar quem não levantou o rabo e foi lá – fica a ver que devia ter ido.

    Quanto aos hamburgers, foram optimos e a conversa também !

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