Esta publicação não serve exclusivamente para vos falar de um vinho extraordinário, mas também, para marcar o início de mais um ano de publicações aqui no blog. O oitavo, para ser mais preciso.
Não sou grande defensor da máxima “ano novo, vida nova” como motivação para concretizar novas metas ou projectos. Penso que a vontade de fazer algo, quando existe, não necessita deste tipo de estímulos. Querer é poder, ou como diria Einstein, “não existem sonhos impossíveis para aqueles que realmente acreditam”, por isso façam o favor de sonhar e de ter um excelente 2015.
Durante a primeira metade do século XX era tradição na casa José Maria da Fonseca os leilões de Moscatéis velhos. Uma prática que foi interrompida, para voltar a acontecer em 2008, com o lançamento do Moscatel Roxo Superior de 1960 e depois, em 2011, com o Moscatel de Setúbal Superior de 1955.
O final de 2014 ficou marcado pelo regresso do produtor de Vila Nogueira de Azeitão aos leilões para o lançamento de mais um vinho memorável, o Moscatel de Setúbal Superior 1911.
José Maria da Fonseca, o mítico fundador desta que é actualmente a mais antiga empresa portuguesa produtora de vinho de mesa e de Moscatel de Setúbal, ao provar os seus Moscatéis tinha por hábito classificá-los com letras ou palavras, sendo que os melhores obtinham a classificação de Superior.
Seguindo essa tradição chegou agora ao mercado este vinho saído do impressionante património de Moscatéis antigos que a JMF possui na Adega dos Teares Velhos, em Azeitão. Carregado na cor, evidenciando o tradicional laivo esverdeado dos generosos antigos, mostra-se concentrado e complexo no aroma, textura de seda, notável no equilíbrio entre a doçura, a intensidade de sabores e o final muito prolongado. Vinho de grande classe (19).
Uma edição especial que comemora os 180 anos da empresa e que deu lugar a 180 garrafas de meio litro, 100 das quais foram a leilão no dia 2 do mês passado em conjunto com outros Moscatéis antigos, como por exemplo o Moscatel Rôxo de 1947 (100 pontos Robert Parker). As restantes 80 garrafas irão enriquecer a colecção privada da José Maria da Fonseca. Eu por mim fico a torcer para me cruzar com uma delas no futuro, afinal, e voltando ao principio, não há sonhos impossíveis. Bom ano 🙂