Foi desta forma que na Associação dos Escanções de Portugal se começou a celebrar os 40 anos da revista Escanção. Rodolfo Tristão, presidente da associação, dirigiu uma prova de vinhos velhos com referências entre 1977 e, imagine-se, 1933 (!). Todos eles vinhos belíssimos, uns melhores que outros, como é natural, mas acima de tudo vinhos que nos merecem o máximo respeito, pela nobreza que mostraram na exigente prova do tempo. Houveram mesmo algumas surpresas, como o CR&F Garrafeira de 1933, que mostrou uma vitalidade impressionante, sendo mesmo, a par do São Domingos 1964, o meu favorito da sessão. Outro que também se mostrou muito bem foi o Terras do Demo de 1970, este seguido de uma história muito curiosa contada pelo meu vizinho de mesa.
É que além do privilégio de provar estes vinhos ainda me saiu o jackpot de ficar ao lado do Sr Santos, o mais antigo escanção de Portugal. Daquelas pessoas que se pode estar um dia inteiro a ouvi-lo falar, no seu tom pausado e sapiente, seja sobre os vinhos que nos iam passando pelo copo, seja sobre as histórias que o seu longo percurso como escanção encerra. Como por exemplo aquela em que, juntamente com um colega, foi convidado pela Cooperativa do Távora a sugerir um nome para os seus vinhos, e eles, inspirados por Aquilino Ribeiro, propuseram… Terras do Demo! O resto da história já conhecem.
É bom de vez em quando ter contacto com pessoas com este nível de conhecimento, para nos colocar no lugar e lembrar que temos tudo a aprender em relação ao vinho.
Antes do início da prova, Rodolfo Tristão, enquanto dava as boas vindas aos presentes e enquadrava o momento, fez questão de deixar bem claro que a associação está aberta a todos, que não escanções, que pretendam iniciar ou alargar os seus conhecimentos no mundo do vinho.
Já agora, para os interessados, a Associação de Escanções Portugueses fica na Avenida Almirante Reis, 58. Passem por lá, pode ser que tenham a sorte de se cruzar com o Sr Santos, ou outros como ele.
Espectáculo de revista