Vinhos da Semana II

Um branco doce da Península de Setúbal e dois tintos, um do Dão e outro entre o Douro e a Bairrada.

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Numa semana com três propostas de regiões e estilos distintos, começamos por um branco doce da região de Setúbal, o Quinta de Camarate Branco Doce 2013, um vinho da José Maria da Fonseca, que conheço bem, pois tenho provado praticamente todas as colheitas que têm chegado ao mercado. Feito novamente a partir das castas Alvarinho (60%) e Loureiro provenientes da Quinta de Camarate, propriedade da empresa onde também se produz o afamado Queijo de Azeitão e onde a José Maria da Fonseca tem a sua notável Colecção Ampelográfica, é um vinho simples, descontraído, à imagem do momento de consumo a que se destina. Apesar de o poder ser, curiosamente não olho para ele como um vinho de sobremesa, até porque não é assim tão doce e a acidez que tem dá-lhe a alegria necessária para ser bebido bem fresco num final de tarde de verão, enquanto se acende o fogareiro e os amigos se vão juntando para o jantar, ou, no caso do da foto, numa bem disposta jantarada de sushi. Custa cerca de 7€ e é muito fácil de encontrar na grande distribuição (15,5).

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Mudamos a agulha para o Douro – Esse excesso da natureza, universo virginal, eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar. Um poema geológico. A beleza absoluta (Miguel Torga) – mais propriamente para Adorigo, onde está situada a Quinta do Pôpa, projecto recente, de Stéphane e Vanessa Ferreira, que vai trilhando o caminho do sucesso através da irreverência e diferenciação. Com enologia do também irreverente Luís Pato e mais recentemente de Francisco Montenegro e João Menezes, aos poucos têm ganho o respeito dos consumidores com vinhos  de grande qualidade, onde pontifica um Vinhas Velhas da colheita de 2008, que não hesitei em colocar nas minhas escolhas de 2012. Mas para hoje o que interessa é este TRePA 2008, uma marca criada para a exportação (em Portugal o vinho chama-se Papo) e provavelmente um dos seus vinhos menos conhecidos. Trata-se de um vinho de Baga e Tinta Roriz, a primeira chega da Bairrada, da Vinha Pan de Luís Pato, e a segunda das vinhas da Quinta do Pôpa, mostra-se elegante, de boa acidez, com taninos firmes que nos dizem que o vinho vai durar uma carrada de anos, aliás, fico com a ideia que o vinho ainda está muito novo. É esquecê-lo no fundo da garrafeira e daqui a uns anos ir lá espreitar, ou ir vendo como evolui, decantado umas horas antes e sempre na companhia de pratos de substância, como por exemplo uma feijoada à transmontana. Custa 22€ na loja do produtor, que vale bem a visita, com a adega e a loja decoradas com muito gosto e uma varanda sobre o Douro com uma vista de cair o queixo (16,5).

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Para terminar, vamos ao Dão, serrano, numa Seia de janela aberta para a grande Estrela. A Quinta da Bica é um solar secular da região, adquirida em meados do século XVII pela família Sacadura Botte, actuais proprietários, que começaram a produzir vinho com marca própria nos finais dos anos oitenta. As castas utilizadas são a Touriga Nacional, Baga, Rufete, Jaen, Tinta Roriz e Alfrocheiro nas tintas e, obviamente, a Encruzado, a enologia esteve a cargo de Paulo Nunes até há bem pouco tempo. Neste momento consta que a enologia estará a cargo da empresa João Portugal Ramos, mas isso será um assunto para outras núpcias, para hoje o que nos interessa é este Quinta da Bica Reserva 2004. Touriga Nacional, Alfrocheiro e Jaen, plantadas no chão de granito e argilo-calcário da propriedade, depois de vinificado, o vinho estagiou durante 14 meses em barricas de carvalho e mostra-se neste momento, dez anos após, em perfeitas condições mas a parecer não necessitar de mais guarda. Fruta madura, silvestre, licores, contorno vegetal, boca cheia, gulosa, de final persistente, um tinto que se bebe com prazer de um produtor que merece mais atenção. Tentei-o com um risotto de codorniz e resultou lindamente. Custa cerca de 15€ e ainda pode ser encontrado em garrafeiras especializadas, ou lojas online (16+).

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