Serra Oca Branco 2017

Foi a (minha) maior surpresa do primeiro Adegga Wine and Food Festival, um novo formato de Verão dos eventos Adegga.

Uma das apostas da malta do Adegga tem sido a mesa “Rising Stars”, onde jovens promessas vão desfilando com os seus vinhos, quase sempre projectos muito interessantes que vão surgindo no panorama vinico nacional. É portanto uma mesa a que tenho especial atenção nestes eventos e foi lá que já tive o prazer de provar os vinhos do Hugo Mendes, do Márcio Lopes e a incursão açoreana de Diogo Lopes e Anselmo Mendes, só para dar três exemplos. Tenho sempre uma grande expectativa nos nomes que a curadoria do Adegga traz a esta mesa.

Este ano, no átrio do Pavilhão Carlos Lopes, por entre cerca de sessenta outros produtores, lá estava a mesa dos Rising Stars. Foi lá que voltei a trocar palavras com o Hugo Mendes enquanto provava o seu mais recente 2017 e também foi lá que descobri outros novos e irreverentes projectos.

Um deles, que hoje trago a esta publicação, é a Quinta do Olival da Murta, um interessante projecto com evidentes preocupações ambientais que irrompe no Cadaval, junto à Serra do Montejunto. A cor carregada daquele vinho que saía de uma garrafa sem rótulo era intrigante e aguçou-me a curiosidade. Era um branco de curtimenta, feito à moda antiga, com métodos que fazem questão de recuperar, segundo as palavras que troquei com a simpática senhora que estava a apresentar os vinhos. Achei tão original e genuinamente diferente que comprei duas garrafas.

Por estes dias voltei a ele no recato do lar.

Vindima manual e fermentação espontanea para um lote de Fernão Pires, Arinto e Moscatel, com curtimenta total e maceração prolongada (técnicas recuperadas e cada vez mais presentes nos dias que correm, como são excelentes exemplos os Alvarinhos de Anselmo Mendes). Um vinho carregado na cor e austero nos aromas a fruta branca e sensações marítimas. Iodo, maresia, travo salino, são algumas das notas mais características deste branco. Encorpado e intenso, taninoso, com uma acidez à altura das necessidades, termina com boa complexidade e comprimento.

Admito que não será um perfil fácil, principalmente para quem não está habituado a vinhos com um lado oxidativo tão presente, mas para quem procura vinhos originais, os tais fora-da-caixa, tão badalados na actual “cena natural”, não pode deixar escapar este “orange” de Óbidos.

Custou-me cerca de 10€ na loja do evento e pelo preço acho que merece amplamente a aventura.

Nota: este post não foi patrocinado pela Moulinex

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