A 8km de Valença do Minho fica o Lugar da Torre, na freguesia de São Julião, foi aqui que fomos encontrar e conhecer a aventura vínica da família Ruibal, galegos ligados ao sector eléctrico, que neste momento levam a cabo com grande entusiasmo um interessante projecto vínico por terras minhotas.
Ao chegarmos somos de imediato brindados com um lindíssimo tapete verde que a visão dos 12 hectares de vinha da quinta proporcionam nesta época do ano. Já dentro da propriedade, o caminho que nos leva até à casa principal também encanta, com uma panorâmica privilegiada sobre a propriedade, tudo muito cuidado e bonito, onde somos simpaticamente recebidos pelo patriarca da família, o Sr Rafael Edmundo. Mais tarde somos apresentados ao seu filho e director comercial da quinta, Pablo Ruibal que nos irá acompanhar na visita.
A visita começa precisamente pela casa principal onde à medida que vamos percorrendo o bonito edifício, entre o rústico e o senhorial, com bonitas peças decorativas, Pablo Ruibal nos vai contando de forma apaixonada, um pouco da história da sua família e de como surgiu a ideia de produzir alvarinho no Minho. Esta propriedade rural já tinha ligações à sua família materna, e foi com o objectivo de encontrar um refúgio de férias que foi adquirida e reabilitada, para mais tarde, já instalados, chegarem à conclusão que aquela mancha imensa de terra fértil não poderia ficar assim, e estando na região dos vinhos verdes, nada melhor que a encher de alvarinho.
Durante os trabalhos de reabilitação, foi encontrada um painel em pedra datado, que atestava a antiguidade daquele lugar, e que acabou por ser a inspiração para o actual logotipo da quinta que aparece nos actuais rótulos.
O Alvarinho perfaz quase a totalidade da vinha plantada, completada por umas parcelas de Loureiro e Trajadura.
De seguida passamos ao piso inferior da casa, onde se encontra instalada toda a parte de enologia da quinta. Ao assumirem o objectivo de fazerem um Alvarinho de grande qualidade, quiseram que todo o processo de vinificação e enologia fossem feitos na quinta, o que passou a acontecer desde 2007 com a construção da adega. A enologia está a cargo de Olalha Ruibal, irmã de Pablo, que através do método de produção integrada, produz o Quinta Edmun do Val Alvarinho, que apesar de ser um monocasta acaba por levar cerca de 9% de Loureiro. Após a fermentação, estagia oito meses em cubas de inox em processo de batonnage, e após esse período, estagia mais oito meses em garrafa antes de ser lançado para o mercado.
Neste momento 90% da produção é para exportação, talvez por isso não seja muito fácil encontrar este vinho, mas lembro-me de já o ter visto na garrafeira do El Corte Inglês. Aqui cada garrafa custou 11€ (se não me engano).
A visita continuou pelo meio das vinhas, passando pela casa de hóspedes e pela magnífica piscina, onde um dia haverá de nascer o enoturismo, para terminar em amena cavaqueira na loja da quinta na companhia de um alvarinho, claro. Surpreendeu-me a juventude deste Quinta Edmundo Val Alvarinho 2008, um vinho que gostei francamente, e que não resisti a trazer umas garrafas.
Sem darmos por isso já a hora de almoço ía adiantada, o que diz bem da simpatia com que nos recebem por estes lados, de facto a conversa estava como as cerejas, mas tínhamos de seguir o nosso caminho.
Como tínhamos de almoçar, e a hora tardia já não dava para grandes escolhas, optámos por parar no primeiro local onde o pudéssemos fazer. Foi à beira da estrada, num restaurante que dizia em letras garrafais, diárias económicas. Duas doses de pernil que davam para quatro, uma menina no final com cara de fastio a perguntar “não querem mais?”, com pão, duas cervejas, duas fatias de melão e dois cafés pagámos 9€, o que atesta bem a diferença de preços com que estou habituado a lidar em Lisboa. É tão bom estar no campo.
Quinta Edmun do Val
Lugar da Torre, São Julião, Valença do Minho
Tel; 93 823 5940 e 627 498 706
Visitas de Seg a Sex das 10:00 às 18:00. Sáb, Dom e Fer das 10:00 às 13:00.
Visitas grátis.
Todas as fotos