Hoje vai um Dão e da Quinta da Pellada. Há muito tempo que não trago aqui um vinho da Quinta da Pellada e não quero que fiquem a pensar que perdi o patrocínio.
Não sou grande consumidor de monocastas de Touriga Nacional. Contam-se pelos dedos os exemplares que tenho na garrafeira, talvez porque olhe para a casta quase sempre como uma casta de lote. Nada contra a mesma e quem a gosta de vinificar a solo, eu é que não aprecio o excesso aromático da maioria destes monovarietais, por vezes com estágios exagerados em barrica, resultando daí vinhos chatos e enfadonhos. Mas encontro excepções, obviamente, que chegam quase sempre da região do Dão.
A Quinta de Saes é uma das propriedades de Álvaro Castro e uma das suas linhas de vinho, sob o chapéu da Quinta da Pellada. É da parcela Caniças da Quinta de Saes que saem as uvas para este vinho. Existe outro vinho (ou deverei dizer engarrafamento?), com o mesmo rótulo mas com o carimbo “Caniças” no canto superior direito, que fico na dúvida se será o mesmo. Os vinhos são parecidos mas nunca os provei lado a lado e por isso continuo na dúvida.
Este Quinta de Saes Touriga Nacional 2015 é um vinho incontornável para os amantes da casta, pois mostra com franqueza como é possível fazer um varietal de TN fiel à casta e à região, aliando da melhor maneira a expressão aromática, a pureza da fruta e um lado mais vegetal que lhe confere alguma rusticidade, carácter e complexidade. Uma complexidade, diga-se, que por vezes até nos leva a pensar que tem mais de uma casta. Estamos a falar de um vinho que custa cerca de 7€, que ainda se apresenta muito jovem, carregado na cor e com uma acidez muito presente, o que nos sugere ter ainda muitos anos pela frente. Mas também pode ser bebido desde já, se gostam deles cheios de força, a acompanhar pratos de forno por exemplo, como um borrego ou um cabrito. É uma excelente compra e devia fazer parte do compêndio de como fazer um varietal de TN sem maçar o consumidor.