A tão esperada Masterclass. Desta vez focada no tórrido ano de 2003 (uma provocação?). Cinco vinhos, um por cada produtor, para atestar, dez anos após, como se encontram os vinhos de um dos anos mais quentes das últimas décadas. Bem se sabe que o calor extremo não é amigo do vinho, menos acidez, mais açúcar, mais álcool, reunidas portanto, as condições para estarmos perante vinhos que já teriam nascido tortos. Puro engano. Na verdade, estivemos mesmo, perante alguns dos melhores vinhos da noite. Passemos aos ditos.
Logo a abrir, para deixar bem claro ao que vinham, o Ameal Loureiro 2003. Ao nível do 2004 que tínhamos provado há momentos atrás, ligeiramente mais marcado pela evolução, mas com uma elegância e frescura impressionante. Note-se que falamos de um vinho de pouco mais de 6 euros.
A passagem de modelos seguiu-se com o Sanjoanne Escolha 2003, um vinho que lhe fizeram o funeral cedo demais. Fruta muito madura, é certo, alguma em calda até, mas com uma evolução cheia de carácter. Fresco e fino, a dar imenso prazer aos maluquinhos dos brancos velhos.
Da Bairrada, o Vinha Formal Branco 2003, com uma performance uns furos acima da última prova há uns meses atrás. Fruta branca, em calda, com mais corpo e peso que os seus antecessores de Masterclass, toque oxidado que lhe confere muita classe.
Entrando nos Tintos. O Quinta da Gaivosa 2003, mostrou-se numa tal forma que foi mesmo dos vinhos preferidos do dia. Tudo muito limpo, a mostrar pouca evolução, grande complexidade, finesse e comprimento. Vinho para muitos anos.
Para terminar o menu degustação (se existisse um vínico, o ideal não andaria longe disto), o Quinta dos Roques Garrafeira 2003. Um grande exemplo da nova vaga de tintos do Dão, aliando tradição e sofisticação. Lado vegetal bem presente, muito fresco, grande complexidade, redondo, elegante, fresco e persistente. A comprovar que apesar de quente, 2003 foi um ano de grandes vinhos.
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