Foi tema entre a comunidade enófila, um artigo publicado recentemente no suplemento Fugas, do jornal Público, assinado pelo jornalista Pedro Garcias, sob o titulo “Provar um vinho às cegas é o mesmo que dormir com a Claudia Schiffer de luz apagada?“. A páginas tantas, pode ler-se no mesmo que, “num ambiente informal, não há maior desperdício do que fazer de cada refeição com amigos uma prova cega, do que transformar momentos de convívio e de celebração da vida em exercícios académicos ou de exacerbação narcisista. Sobretudo quando em causa estão grandes vinhos.”, algo que concordo plenamente. É inimaginavel convidar amigos para uma refeição onde se partilham diversos vinhos em ambiente descontraído e condicionar o momento com a formalidade de uma prova cega. Há momentos para tudo.
No entanto, e fora desse registo informal, a prova cega continua a ser a mais justa forma de provar e avaliar vinhos. Tenho tido a felicidade, durante este percurso de paixão pelo mundo do vinho, de fazer as mais variadas provas cegas, com provadores das mais diversas proveniências, uns com larga experiência, adquirida através de muitos anos de prova, outros menos treinados, mas de onde retiro sempre ensinamentos, mais do que em muitos cursos de pacotilha empregues por aí. Além do prazer do exercício e dos momentos de boa disposição que proporciona, é a forma mais didáctica que conheço, longe da ditadura dos rótulos, de treinar a prova e por conseguinte adquirir conhecimento sobre o maravilhoso mundo do vinho.