David Rego, director técnico e comercial da Vinhos Damasceno, na companhia do enólogo Nuno Cancela de Abreu., na apresentação do Damasceno Branco 2012. |
O novo Damasceno Branco 2012. |
A bonita e bem adornada sala do Sea Me, o restaurante que acolheu a apresentação. |
A equipa de cozinha do Sea Me, com o Chef Filipe Rodrigues aos comandos. |
Bombom de Atum e Mozarella. |
Não conheço os Vinhos Damasceno há muito tempo, confesso. No início do ano passado, numa prova cega onde as Senhoras ditavam as regras, tive a oportunidade de provar pela primeira vez dois tintos desta casa. Perdidos no meio de um painel tão variado, que incluía também vinhos de segmentos superiores, acabaram por, nessa ocasião, não brilharem.
Apesar de ter passado pouco mais de um ano desde essa prova, muita coisa mudou no reino da jovem empresa Damasceno. Mexidas na estrutura e na equipa de enologia, que se manteve sob o comando do prestigiado enólogo Nuno Cancela de Abreu. O lançamento da nova marca Nocturno, com o cunho das vindimas à noite. E uma nova imagem, mais actual e apelativa, que pessoalmente gosto muito.
Durante este período fui provando as novidades da Damasceno e a minha ideia sobre os vinhos da marca tem vindo a mudar. De estilo moderno, a fazer lembrar em algumas referências o novo-mundo, os vinhos pareceram-me agora mais consistentes, francos e directos. Mais definidos naquilo que querem ser. Consensuais, na busca de chegar e agradar a todos.
O vinho mais recente deste produtor da região de Palmela é o Damasceno Branco 2012, que foi apresentado recentemente no (mui recomendável) Restaurante Sea Me, ali bem encostado à Praça Luís de Camões, centro nevrálgico da “movida” Lisboeta. Conduzida por David Rego, director técnico e comercial da empresa, a apresentação contou também com a presença de Nuno Cancela de Abreu, que nos falou do novo rebento.
Feito de Arinto, Fernão Pires e Chardonnay, com 3 meses de estágio em barrica de carvalho francês, este Damasceno Branco 2012, mostra-se tropical, com boa frescura, volumoso sem ser pesado, um vinho que não se importa nada de ter comida por perto. Teve excelente comportamento nos cruzamentos com a cozinha do Chef Filipe Rodrigues, mas já lá vamos a essa parte. Foram cheias 7000 garrafas e para estreia não podia estar melhor. Enquanto esperamos pelas novas colheitas fica a expectativa para ver como este 2012 evolui.
Como é habitual nestas ocasiões, houve também a oportunidade de percorrer outras referências do portefólio da casa, desta vez já sentados à mesa, em jeito de harmonização com o menu degustação preparado pela equipa de cozinha do Sea Me.
O menu apenas incluia pratos de peixe, o que é óbvio tendo em conta o lugar onde estávamos, e a maioria deles foram acompanhados por vinhos tintos, o que ao início poderia levantar algumas reservas, acabou por se confirmar uma experiência curiosa, acertada e estimulante.
Assim, depois do Damasceno Branco, o desfile seguiu com o Damasceno Tinto 2011, aromático, jovem, redondo, parece ter sido feito para acompanhar a Salada Japonesa de Robalo e Kimchee. Deram-se lindamente e foram dos melhores pairings da tarde. Mas o melhor namoro mesmo, foi o Damasceno Reserva 2010 que teve uma aventura tão bonita com o Niguiri de Sardinha Assada com Flor de Sal. Corpo, taninos e acidez, em grande harmonia com o característico sabor da sardinha assada. Muito bom.
De seguida, para o mais consistente Polvo à Lagareiro, chegou o peso pesado Damasceno (Kol de Carvalho) Reserva 2008, que também deu muito boa conta de si. Este vinho foi para mim uma boa surpresa, pois tinha sido dos que tinha passado despercebido na tal prova cega e que agora se mostrou muito mais entrosado, manteve toda a sua gulodice, mas todo o conjunto pareceu mais equilibrado. Talvez o polvo também tenha ajudado para esta apreciação, mas a garrafa fez-lhe bem.
Para terminar, em conjunto com as sobremesas, estas já sem peixe, brilhou outro rebento dos Vinhos Damasceno, o Damasceno Moscatel Roxo 2008, que vai chegar às prateleiras lá mais para o final do ano.
Para além da excelente harmonização entre os vinhos e a comida, esta prova permitiu perceber a evolução do trabalho feito com os Vinhos Damasceno, em particular a definição do perfil que se pretende para os vinhos. Pode-se dar por satisfeita a Península de Setúbal, por continuar a ter no seu berço, jovens e ambiciosos projectos que asseguram a continuação do selo de qualidade que a região tem vindo a granjear de há uns tempos a esta parte.
Uma última palavra para o restaurante que nos acolheu. O Sea Me já não é um novato em Lisboa, chegou com um conceito inovador, onde o peixe e o marisco são reis, e tem vindo a afirmar-se como uma das mais interessantes propostas da capital. Não é por isso de estranhar que, além da nossa mesa, o restaurante esteve sempre cheio, a um almoço de semana, o que em tempos tão conturbados como os que vivemos só pode ser um indicador muito positivo.
O menu preparado para esta apresentação foi de muito boa qualidade. Apesar de nem todos os pratos terem funcionado bem, o que é normal num menu de 9 pratos, a grande maioria mostrou-se em muito bom nível, com preparações simples e bem confeccionadas, com muitas inspirações asiáticas, algumas com mais exigência técnica, mas todas de excelente sabor. Depois do Hambúrguer de Salmão que encantou os visitantes do último Peixe em Lisboa, este menu demonstra que a cozinha do Sea Me e o seu Chef Filipe Rodrigues, estão a atravessar um óptimo momento.
A prova, que o bom serviço, a qualidade da comida e a localização, andam de mãos dadas com o sucesso. Recomenda-se vivamente.