Regresso ao fim de semana de Setembro que andei pela Bairrada por altura do Encontro com o Vinho e Sabores para recuperar esta visita às Caves São João, uma empresa familiar e independente que reúne um património histórico impressionante. Foi muito interessante comprovar a vitalidade desta empresa fundada em 1920, que faz questão de aliar tradição e modernidade, agora que caminha para a celebração de um século de idade.Maria de Fátima Costa, neta de um dos fundadores das Caves São João, a dar as boas vindas ao grupo e a resumir a história da empresa, que começou por comercializar vinhos do Porto e licores e, nos anos 30, passou a produzir espumantes e a comercializar vinhos de mesa da Bairrada.Os espumantes são ex-libris da Bairrada e as Caves São João sabem disso e levam-no muito a sério.As celebrações do centenário da empresa, que acontece em 2020, já começaram com a edição de dez vinhos especiais, um por cada ano que antecede a data. Cada um destes vinhos tem um tema, inspirado em episódios marcantes da humanidade nos últimos cem anos, este da foto, que não foi provado nesta circunstancia, foi o de 2011, e traz-nos à memória A Guerra dos Mundos de Orson Wells.
A Quinta do Poço do Lobo foi adquirida em 1971 e passou a ser mais uma marca das Caves São João. Uma marca que habitualmente usa castas internacionais, como é o caso do Quinta Poço do Lobo Espumante Bruto 2008, feito a partir de Arinto e Chardonnay. Este encheu-me as medidas, que belo espumante. Não é daqueles para o bolo de anos, antes para ser apreciado à mesa com qualquer entrada fria ou mesmo com um prato mais elaborado. Muito sério, com citrinos e amanteigados, também tem aquele travo de panificação dos bons espumantes, numa bolha muito fina, quase espuma. Muito sedutor (16+).
Visita guiada às caves e adega por Célia Alves, responsável de produção e gerente…
O impressionante espólio da empresa. Por entre milhares de garrafas, encontram-se algumas colheitas míticas e raridades que fazem as delícias dos aficcionados. Um tesouro a que ninguém fica indiferente.
Lembrar o passado para olhar o futuro…
Depois, na sala de provas e de eventos, já na companhia do enólogo José Carvalheira, teve lugar a prova comentada de algumas das referências deste produtor.
Quinta do Poço do Lobo Branco 2012, a primeira colheita de um branco tranquilo desta marca. Mais uma vez o dueto Arinto e Chardonnay, mineral e cítrico, envolvente e fresco, para um final de média persistência (16).
Caves São João Baga – Touriga Nacional 2010. Baga da Bairrada e Touriga do Dão, para um vinho que pretende recriar essa tradição. Carregado na cor, fruta preta, floral, terroso, fresco na boca, com taninos elegantes e final médio. Custa 8€ e está pronto a beber (16+).
Terminou-se da melhor forma. Cogumelos, terra, travo oxidado, não são termos muito comuns na descrição de um vinho, mas é desta forma que se expressam algumas colheitas muito antigas, como esta, a mais antiga ainda comercializada pelas Caves São João. O Caves São João Reserva Particular de 1959 mostrou a todos os presentes que não é por acaso que se diz que estes são vinhos que envelhecem bem. Muito fino e delicado, um vinho que dá imenso prazer, sobretudo aos adeptos dos vinhos velhos.
