Nova sessão da Câmara de Provadores TWA, novamente no Restaurante Solar dos Pintor em Loures (Manjoeira), com mais um conjunto de ensaios para serem provados e opinados.
Desta vez andou-se à volta da influencia que os vários tipos de rolha de cortiça têm na evolução dos vinhos. Para estes ensaios as amostras provadas eram todas de brancos de Bucelas da colheita de 2008, da casta Arinto, uns com estágio em inox e outros em madeira, destes últimos uns filtrados e outros não. Algumas em grande forma diga-se, algo que só serve para reforçar o que já se sabe, a grande apetência dos brancos de Bucelas para bem envelhecer.
É notória a diferença de comportamento na evolução dos vinhos tendo em conta os diferentes tipo de vedante. Sem conseguir chegar a uma conclusão absoluta, pareceu-me que as amostras com rolha natural mostraram uma melhor integração da madeira com o vinho e por outro lado aceleraram o processo de oxidação dos mesmos. Fica a palavra para os técnicos.
Se são wine geeks o suficiente para quererem saber mais sobre este tema sugiro que consultem este e este artigo do enólogo Hugo Mendes.
Terminados os ensaios, enquanto São Pedro se entretinha a demonstrar que ele é que manda, entrámos na fase lúdica dos trabalhos o que estando no Solar dos Pintor se traduz por um reconfortante almoço em modo BYOB.
Desta vez, para além dos habituais clássicos da casa (leia-se Frango à Passarinho, Bacalhau Assado na Brasa, Chanfana, etc…), excelentes como sempre, fomos presenteados com uns Pastelinhos de Bacalhau acabados de fritar que estavam especialmente bons.
Mas a grande surpresa da refeição surgiu em forma de um Gratinado de Ovas de Pescada. Um dos convivas teve a felicíssima ideia de trazer ao mundo uma antiga receita familiar e foi de facto uma agradável surpresa este prato. Com as ovas desfeitas, envolvidas em queijo (um amanteigado que não identifiquei, é que a receita ficou no segredo dos deuses :), com um travo ácido dado pelo limão, criando um creme aveludado de chorar por mais. Pode-se comer quente ou frio, com uma tosta, ou só à guloso. Que maravilha.
Mas a grande surpresa da refeição surgiu em forma de um Gratinado de Ovas de Pescada. Um dos convivas teve a felicíssima ideia de trazer ao mundo uma antiga receita familiar e foi de facto uma agradável surpresa este prato. Com as ovas desfeitas, envolvidas em queijo (um amanteigado que não identifiquei, é que a receita ficou no segredo dos deuses :), com um travo ácido dado pelo limão, criando um creme aveludado de chorar por mais. Pode-se comer quente ou frio, com uma tosta, ou só à guloso. Que maravilha.
Nos líquidos, apesar do desfilar ter sido vasto, o destaque tem de ir para o Porto Sucessora de D. Antónia A. Ferreira da Companhia Comercial de Vinhos do Porto datado de 1904. Ora para quem é Benfiquista ferrenho sabe que esta é uma data muito especial, pois foi precisamente em 1904 que foi fundada a Maior Instituição do Mundo. O gáudio deste momento histórico não foi só para os Benfiquistas presentes, pois a todos impressionou a qualidade deste vinho. Límpido, sem ponta de turvação, com um nariz delicioso, muito complexo, onde os aromas de frutos secos e bolo inglês se misturavam com uma leve nota química. Na boca estava um portento, puro veludo, melado, com um final interminável. A perfeição, seja lá o que isso for quando se trata de vinhos, não deve andar muito longe disto. Um vinho que enobrece a data que ostenta.
Apesar do 1904 ter arrebatado todas as atenções não seria justo deixar em claro o Branco de 2006 da Quinta do Portal (desapareceu tão depressa que nem o fotógrafo o apanhou), ainda com um nariz muito interessante, a dar muito prazer a acompanhar o tal gratinado e o novo Espumante Auguri da Adega Coop da Labrugeira, com um nariz cheio de pera rocha, a transportar-nos por momentos para um pomar da região oeste.
Mais uma jornada didáctica e bem disposta à volta do vinho, algo que se exige que continue por muitos e bons tempos.