Não me canso de trazer aqui os vinhos da Quinta da Bica. Já falei deles várias vezes, mas cada vez que lhes volto não consigo deixar passar sem os sugerir novamente. Os vinhos deste produtor continuam a expressar de forma consensual o classicismo do Dão e mantêm-se nos lugares cimeiros do campeonato das boas compras. Talvez por isto e por terem tão pouco palco, eu ache que estamos perante um dos produtores mais subestimados deste país.
Mas centremo-nos no vinho de hoje que é o Jaen da colheita de 2016. Estamos a falar de um ano que não foi extraordinário no Dão mas este monocasta de Jaen mostra-se dentro do perfil habitual, não parecendo ter sido muito afectado com as desventuras do ano agrícola. Fresco, elegante, com complexidade aromática e um bom compromisso entre o lado frutado e vegetal da casta, mostra-se limpo e arrumado. A barrica mal se dá por ela, muito bem integrada, num conjunto de média concentração, taninos finos e boa persistência final. Uma característica curiosa nestes vinhos é que mesmo com teores de álcool um pouco mais altos (este tem 14) conseguem manter um perfil elegante e sem demasiada concentração.
Nos últimos tempos os preços destes vinhos subiram um pouco mas mesmo assim continuam a ter uma excelente relação qualidade-preço. Costumo encontrá-los nos Intermarché da região ou, na zona de Lisboa, pelos supermercados do El Corte Inglés. Fora destas localizações diria que uma pesquisa online resolverá o assunto. Custam pouco menos de 10€ e são dos meus favoritos dentro deste segmento de preço.