COZs Vital Branco 2017

Mas agora, com o interesse crescente de alguns produtores e enólogos, tem havido um renascimento da casta e vão surgindo alguns brancos de Vital no mercado. Recentemente bebi e fiquei encantado com este COZs Vital.

Lembro-me de há uns anos ter ido jantar a casa de um amigo que não é conhecedor nem nada tem a ver com o mundo dos vinhos e me ter servido um Casal Figueira Vital (“um vinho do meu pai que anda para aqui perdido”). Penso que era um 2005, ou 2006, não consigo precisar, sei que naquele momento achei uma maravilha. Foi nesse dia que bebi pela primeira vez um vinho da casta Vital e pude constatar o que já tinha ouvido falar sobre os vinhos Casal Figueira.

Anos mais tarde, já num contexto mais eno-chato, com tudo de bom e mau o que isso implica, voltei aos Vital de Casal Figueira no saudoso wine bar que os Goliardos tinham ao Príncipe Real. E tirando mais uma ou outra situação esporádica, estas são as maiores referências que tenho da casta. Muito poucas, bem se vê.

Mas agora, com o interesse crescente de alguns produtores e enólogos, tem havido um renascimento da casta e vão surgindo mais alguns brancos de Vital no mercado. Recentemente bebi e fiquei encantado com este COZs Vital.

O projecto COZs nasce de uma joint venture entre Tiago Teles e António Marques da Cruz, primeiro para dar vida ao Poeirinho da Quinta dos Cozinheiros e agora para recuperar a casta Vital de uma vinha que adquiriram em 2017 na Serra de Montejunto, região de Lisboa.

Como é filosofia destes produtores, a vinha passou a ser conduzida em modo biológico e a vinificação deste vinho teve a mínima intervenção possível. Fermentação em inox, maceração pelicular durante 48 horas em lagar e estágio de dez meses em barricas usadas.

O vinho está uma maravilha. Um branco que nos encanta desde o primeiro momento. Intrigante. Desafiador. Que nos faz levar o copo ao nariz vezes sem fim a tentar decifrar aquela panóplia de sensações. Aroma amplo e complexo. Destaca-se a fruta branca, algum citrino também, com um ligeiro toque de mel e frutos secos. Percebe-se também uma ligeira oxidação e algumas sensações minerias. Tudo pela contenção, sem grandes espalhafatos. A boca é um assombro de frescura e profundidade. Seco. Vivo. Com a presença da fruta a transmitir harmonia. É rico e denso, com um final persistente e salivante.

Com o preço a chegar quase aos quinze euros não se pode dizer que seja um vinho propriamente barato, para beber com muita assiduidade, mas se compararmos com as loucuras que se vão pedindo hoje em dia por alguns brancos nacionais, até podemos dizer que estamos perante uma pechincha.

Para saberem mais sobre a Vital da Serra de Montejunto convido-vos a seguir esta ligação para o excelente blog do enólogo Diogo Lopes. Publica pouco mas com muita qualidade, a dar força à velha máxima, menos é mais.

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