A Quinta dos Aciprestes é uma das cinco propriedades da Real Companhia Velha e fica localizada na margem esquerda do Douro, na zona do Tua, muito próxima da nova barragem que desactivou a centenária linha ferroviária e inundou uma parte significativa daquele vale. Esta propriedade de 1860 (!), adquirida pela RCV nos anos setenta do século passado, nasceu de uma junção com outras duas antigas quintas, a Quinta da Boavista e a Quinta da Barreira, que unidas deram lugar à imensa proriedade de 140 hectares, 100 deles de vinha, que hoje conhecemos por Quinta dos Aciprestes.
As singularidades desta propriedade, de cotas baixas e exposições a Norte, numa zona de grande concentração de calor e com uma orografia que se diferencia do tradicional da região, tem sido nestes últimos anos de grande importância para a evolução da enologia e viticultura no universo da Real Companhia Velha. Numa primeira fase focada exclusivamente para a produção de Vinho do Porto, começaram em finais dos anos noventa as primeira vinificações exclusivas para vinho de mesa. A Quinta dos Aciprestes só tem castas tintas tradicionais do Douro e sofreu nos últimos anos um profundo trabalho de reconversão das vinhas, com plantações recentes de vinha ao alto, proporcionando resultados que deixam a equipa da RCV muito satisfeita. O mapeamento aereo feito por drones, que permite uma avaliação precisa do estado de maturação das uvas nos diferentes momentos – a altitude e exposição solar variam de talhão para talhão e isso tem implicação na maturação das uvas – também tem contribuído para definição dos vinhos que vêm sendo produzidos, conforme foi possível aferir numa apresentação recente das novidades desta propriedade duriense.
Foram apresentados quatro novos vinhos que chegam agora ao mercado, definidos pelos seus responsáveis, Pedro Silva Reis (proprietário), Rui Soares (viticultura) e Jorge Moreira (enologia), como vinhos com carácter, distintos do universo duriense, mais quentes e encorpados mas muito bem equilibrados pela acidez.
O Quinta dos Aciprestes Tinto 2015 é produzido a partir de um lote de Vinhas Velhas, estagiado em barrica, com predominancia das castas Tinta Barroca, Tinta Roriz, Touriga Franca e um toque de Touriga Nacional, Tinto Cão e Tinta Amarela. Mostrou-se jovem, de ataque frutado e sugestões de baunilha, com boa estrutura e concentração, que juntamente com a presença de algum tanino e boa acidez deixa indicações de boa evolução. É um colheita que mais parece um reserva, tal a concentração, e por 8€ tem uma boa relação qualidade-preço.
O Quinta dos Aciprestes Reserva Tinto 2015 é um lote de Touriga Nacional e Touriga Franca, com predominancia para a primeira, com estágio em barrica durante 12 meses. Um vinho com um estilo muito idêntico ao colheita, redondo e macio, de boa profundidade aromática, com as sugestões citricas e florais da Touriga a ganharem algum destaque. A boca volta a mostrar-se cheia, com estrutura e concentração, para um final guloso e de boa persistência. Chega ao mercado a um preço a rondar os 15€.
De seguida entramos nos topos de gama, com o Quinta dos Aciprestes Grande Reserva tinto 2013, um vinho apenas produzido nos melhores anos, que reune também um lote de Touriga Nacional e Touriga Franca, com estágio parcial em barrica durante 18 meses. Muito atractivo no aroma, com a fruta e a barrica em bom dialogo com as notas cítricas e florais provenientes da Touriga Nacional. A boca é de média concentração, ainda jovem, num perfil ligeiramente mais elegante que a edição de 2012, com os taninos macios a darem palco a uma excelente acidez. Um tinto de luxo, com um final longo e de grande persistência, que vai fazer as delícias dos apaixonados dos Douro mais frutados e potentes. O preço de venda ao público vai rondar os 40€.
Por último, o meu favorito da sessão, o Quinta dos Aciprestes Sousão Grande Reserva tinto 2012. São apenas 3600 garrafas deste monocasta que, colheita após colheita, se vai afirmando como uma referência da Quinta dos Aciprestes e dos monovarietais desta casta. É um vinho obviamente carregado na cor, com primeiro impacto aromático de fruta e barrica, bem secundado por agradáveis notas vegetais e de especiarias. Mas é na boca, de excelente acidez e estrutura, que se destaca e define. Distinto, com carácter, alguma rusticidade até, num conjunto equilbrado, de taninos presentes mas macios, com um final fresco, persistente e cheio de sabor. Ainda jovem, tem um estilo muito próprio e mostra um comportamento da casta pouco visto noutras referências. O preço também vai rondar os 40€.
Em breve chegará ao mercado o Quinta dos Aciprestes Touriga Nacional Talhão 14 Grande Reserva tinto 2013, um single vineyard que é uma novidade absoluta, produzido pela primeira vez numa edição muito limitada de cerca de 900 garrafas, com um perfil que vai ao encontro do estilo da Quinta dos Aciprestes. O preço mantém-se na ordem dos 40€.