Em muitos círculos enofilos, principalmente portugueses, atribui-se uma conotação negativa aos “vinhos modernos”. Mas não haverá bons vinhos modernos? A resposta é, obviamente, que sim e hoje falo de um deles. Um rioja moderno. O Reserva tinto da Dinastia Vivanco.
Não é a primeira vez que falo dele por aqui. Aquando da minha viajem à Rioja tive o prazer de visitar a Dinastia Vivanco e entre os vinhos que provei estava este Dinastía Vivanco Reserva Tinto 2007. Nessa ocasião lembro-me de ter ficado curioso com o lema escolhido pela empresa para promover os seus vinhos, “modernos, atrevidos e com personalidade”. Confesso que “modernos” e “com personalidade” na mesma frase era algo que na altura não me encaixava muito bem mas depois de conhecer os vinhos e de os ir provando de quando em quando facilmente lhe percebi o sentido. E isso ensinou-me que o facto de ser moderno não tem forçosamente de ser uniforme, formatado e sem personalidade.
90% de Tempranillo e 10% de Graciano, provenientes das vinhas em Briones com cerca de 40 anos de idade, plantadas em solos argilo-calcários. Fermentação em barricas de carvalho francês e estágio durante 24 meses em barricas novas e usadas de carvalho francês e americano. Depois de engarrafado estagiou mais 24 meses antes de ser lançado para o mercado. A enologia está a cargo de Rafael Vivanco.
Aroma profundo, complexo, a fruta preta silvestre e especiarias. Na boca mostra-nos um ataque ligeiramente doce, com a complexidade dos vários tipos de madeira a darem um tom exótico e envolvente ao conjunto. Nesta prova, comparando com a anterior, notam-se os taninos mais redondos. Todo o vinho está mais macio, redondo, sedoso, mas com uma acidez fina que o agarra e o permite caminhar cheio de vigor ao longo dos anos. Um vinho guloso sem enjoar, moderno sem ser pesado, um vinho que, tendo em conta o estilo, pode muito bem ser um excelente exemplo de um bom Rioja moderno. A comprová-lo, o chorrilho de medalhas por esse mundo fora.
Como curiosidade, o design desta garrafa é inspirado no original do século XVIII que está exposto no Museo do Vinho, em Vivanco. Custou-me 14,50€ no El Corte Ingles de Badajoz.