Os vinhos da Herdade das Servas são velhos conhecidos. Embora ultimamente não me tenha cruzado muito com eles, foram vinhos que em tempos me habituei a ver nas prateleiras e a consumir, principalmente quando rumo ao sul do país.
A família Serrano Mira é das mais antigas a produzir vinho no Alentejo. Desde o século XVII que os antepassados de Luís e Carlos Mira produzem vinho em Estremoz, na Herdade das Servas, e cabe-lhes agora a eles a responsabilidade de perpetuar esta tradição familiar.
Azinhal, Judia, Monte dos Clérigos e Servas, são as quatro vinhas que perfazem os 220 hectares de vinha própria da propriedade. São muitas as castas, portuguesas e estrangeiras, que preenchem toda a área de vinha e dão lugar aos vinhos das três gamas deste produtor. Monte das Servas e Vinhas das Servas, para os vinhos das gamas de entrada e Herdade das Servas para os vinhos de segmento mais alto.
A viticultura está a cargo de Carlos Mira, enquanto que a enologia, feita na propriedade, em adega própria, é da responsabilidade de Luís Mira, com a colaboração do enólogo Tiago Garcia.
Agora, num final de tarde de Novembro, subiram à capital para nos dar a conhecer os três novos tintos da sua gama mais alta. A apresentação aconteceu no Chafariz do Vinho, junto ao Príncipe Real, e contou com a presença dos dois irmãos responsáveis pela empresa, do enólogo Tiago Garcia e do director comercial, Artur Diogo.
Enquanto nos davam as boas vindas e apresentavam a empresa, foi servido o mais recente branco da casa, o Herdade das Servas Branco 2012. Este ano, feito de Alvarinho e Viognier, que irá para o mercado a um preço que ronda os 7,50€.
Depois avançámos então para a apresentação dos três novos Reserva Tinto deste produtor, que vão para o mercado com um preço a rondar os 16,50€, ou numa caixa com três unidades à escolha, por 50€.
São dois monocastas, de Alfrocheiro e Petit Verdot, produzidos pela primeira vez na Herdade das Servas da colheita de 2010 e um lote de Syrah (70%) com Touriga Nacional (30%), que é reeditado com esta colheita de 2009, agora com a denominação de Reserva.
Os dois primeiros estagiaram durante 14 meses em barrica e mais 12 meses em garrafa. Mostraram carácter alentejano, muito aromáticos, fruta madura, balsâmicos, encorpados. O terceiro, dentro do mesmo perfil, estagiou apenas 12 meses em barrica e mais 12 em garrafa.
Apresentadas as três novidades houve ainda tempo para se provar o topo de gama Herdade das Servas Vinhas Velhas 2009. Esta é apenas a segunda edição deste vinho (depois do 2005), produzido exclusivamente em anos excepcionais, o que demonstra bem o nível de exigência que o produtor coloca neste rótulo. Alicante Bouschet, Aragonez e Touriga Nacional, para um vinho que foi o meu preferido da tarde.
A Enoteca Chafariz do Vinho foi o espaço que acolheu esta prova de vinhos. Esta ocorreu no piso de cima do edifício, num espaço que infelizmente se revelou pequeno e com uma distribuição pouco prática para um evento do género. A sala de baixo, no piso principal, é claramente mais adequada. Fica a sugestão.
Um dos responsáveis por este espaço é o reconhecido crítico de vinhos, João Paulo Martins, que esteve presente e fez uma apresentação do lugar e do seu enquadramento histórico. É que este é um lugar especial, pois está situado no Chafariz da Mãe d’Água, um dos mais bonitos, da imponente obra do Aqueduto das Águas Livres.
O enquadramento no seu interior é por isso muito bonito, e nem o ambiente um pouco frio da imponência da pedra e do alto pé direito, deixam de criar um espaço elegante, com uns cantinhos muito charmosos. Obrigatória é a visita à garrafeira, instalada no túnel que sai da galeria principal, onde se consegue ter uma ideia da boa oferta vínica que o espaço tem.
Para além do óbvio foco no vinho, existe também uma boa oferta de pequenos petiscos, muito bem conseguidos, que servirão de companhia para a degustação dos vinhos e que os presentes nesta apresentação tiveram oportunidade de provar. Retive, a tapa de bacalhau fumado, que estava uma delícia.